O pior incêndio florestal do ano na Grécia perdeu força nos arredores de Atenas nesta terça-feira (13), devido a ventos mais fracos, interrompendo o avanço destrutivo das chamas que mataram ao menos uma pessoa e destruíram carros, prédios, campos e partes de florestas.

Centenas de bombeiros, apoiados por dez aeronaves de combate a incêndios, trabalham para conter o fogo desde domingo, quando as chamas se espalharam de uma floresta para os subúrbios do norte de Atenas, destruindo casas e causando pânico em moradores de bairros que não viam um incêndio tão próximo havia décadas.

Embora a situação tenha melhorado, um porta-voz dos bombeiros mencionado pela agência de notícias Reuters disse que ainda havia focos de incêndio e que, portanto, a corporação permanecia em alerta máximo.

O governo anunciou medidas de compensação e auxílio para as vítimas. Segundo o Observatório Nacional da Grécia, o fogo danificou cerca de 10 mil hectares. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, deveria presidir uma reunião ministerial sobre o incêndio na noite desta terça.

À medida que a fumaça se dissipava no céu acima de Atenas, aeronaves de combate a incêndios chegaram da França e da Itália como parte de um mecanismo europeu de proteção civil, disse um funcionário do governo. A República Tcheca também enviou 75 bombeiros e 25 caminhões para ajudar as equipes terrestres gregas.

O incêndio atingiu o subúrbio de Vrilissia na segunda (12), a cerca de 14 km do centro de Atenas, onde uma mulher de 64 anos foi encontrada morta dentro de um estabelecimento local, de acordo com testemunhas.

A causa do incêndio ainda não foi determinada. Com a previsão de ventos fortes aumentando novamente, a Grécia permanecerá em alerta máximo pelo menos até quinta-feira (15). A crise é agravada pelas altas temperaturas, que podem chegar a 40°C.

Incêndios florestais têm sido frequentes nos verões gregos há anos: foram 104 mortos no mais mortal no país, na cidade litorânea de Mati, em 2018. Mas a crise climática trouxe temperaturas mais altas e menos chuva, aumentando o risco.

A Grécia teve o seu inverno mais quente este ano. O país também pode registrar o recorde no verão, com ondas de calor agravadas pela falta de chuvas.

"O incêndio florestal tinha todas as características que nós, bombeiros, não queremos que um incêndio florestal tenha. Uma combinação de condições quentes, secas e ventosas", disse à TV grega Nikos Lavranos, chefe da federação de funcionários do serviço de bombeiros. "[As chamas] foram extremamente agressivas, difíceis de controlar e imprevisíveis", disse ele.

Incêndios eclodiram em todo sul europeu neste verão, incluindo na Espanha e nos Bálcãs.

Moradores e bombeiros voltaram a algumas áreas de Atenas nesta terça para avaliar os danos —cozinhas e salas de estar foram queimadas, tetos desabaram, e carros, reduzidos a destroços.

"Minha casa foi completamente destruída, até as paredes caíram. Não sobrou nada", disse Sakis Morfis, 70. "A única coisa que me importava era salvar meus cachorros, então deixei tudo para trás."

Moradores foram retirados de mais de 30 áreas, juntamente com pacientes e funcionários de pelo menos três hospitais. Cortes de energia ocorreram em partes da região metropolitana de Atenas.

As medidas anunciadas pelo Ministério da Crise Climática e Proteção Civil nesta terça incluem subsídios de aluguel, isenção de imposto sobre propriedade por três anos e ajuda financeira aos atingidos. Partidos de oposição acusaram o governo de não fazer o suficiente para prevenir a crise e conter as chamas.