Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Lula sugeriu convocar nova eleição na Venezuela para contornar crise

Presidente mencionou possível segundo pleito caso Nicolás Maduro não consiga provar lisura do processo eleitoral

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou, durante uma reunião ministerial, a hipótese de convocar novas eleições na Venezuela como uma solução para a crise instalada no país vizinho.

A menção de Lula a um possível novo pleito foi inicialmente noticiada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela Folha.

Gabriela Biló - 8.ago.24/Folhapress
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante reunião ministerial - Gabriela Biló/Folhapress

O ditador Nicolás Maduro foi proclamado reeleito pouco depois da eleição de 28 de julho, mas o resultado é amplamente questionado pela oposição e por líderes regionais. Um grupo de países, inclusive o Brasil, tem pressionado o regime para que divulgue as atas que comprovariam a lisura do pleito, o que não havia ocorrido até esta terça-feira (13)

Segundo relatos de participantes da reunião, que ocorreu na última quinta (8), Lula afirmou que o resultado das eleições não poderia ser aceito sem a prova de que elas foram limpas. Do contrário, disse o presidente, Maduro teria de convocar um novo pleito ou seria eternamente chamado de ditador.

Ainda na reunião ministerial, Lula disse que conversaria com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro, sobre a situação em Caracas —assessores tentaram organizar uma ligação na segunda (12), mas ela não aconteceu.

Os três países têm coordenado uma atuação diplomática conjunta para tentar solucionar a crise da Venezuela. Eles têm em comum o fato de que são chefiados por líderes de esquerda e que mantêm interlocução com o chavismo.

Em entrevista coletiva nesta terça, porém, López Obrador disse que não iria mais conversar com Lula e Petro sobre a Venezuela. AMLO, como o presidente mexicano é conhecido, disse que é preciso esperar a resposta do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), órgão máximo do Judiciário venezuelano, sobre o resultado do pleito.

Ao Valor Econômico, o assessor internacional de Lula, Celso Amorim, afirmou que apresentou ao presidente a ideia de uma segunda eleição após ouvir outros atores internacionais. Ele também disse que Colômbia e México ainda não tinham sido consultados sobre o tema.

Segundo a publicação, Amorim disse que uma proposta do tipo deveria vir acompanhada de contrapartidas, como a retirada de sanções internacionais. Isso permitiria que o novo pleito tivesse mais acompanhamento internacional, de acordo com o assessor.

Integrantes do Itamaraty ouvidos pela reportagem afirmam, no entanto, que a orientação do governo segue a mesma: pressionar o regime Maduro a divulgar as atas eleitorais que comprovariam a legitimidade de sua vitória.

Em maio, o regime venezuelano desconvidou uma missão de observação eleitoral da União Europeia mesmo após o bloco remover sanções contra quatro funcionários eleitorais, incluindo o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso. Na ocasião, ele disse que considerava o gesto uma forma de coação, já que outras restrições foram mantidas.

Sem a UE, a principal missão observadora internacional na eleição da Venezuela foi o Carter Center, que afirmou que o pleito de 28 de julho não pode ser considerado democrático.

A hipótese de uma nova eleição na Venezuela é rechaçada pela oposição, que diz ter vencido a disputa contra Maduro por ampla margem. Em entrevista ao jornal El País, María Corina Machado, a principal liderança opositora na Venezuela, disse que o resultado do pleito não é negociável.

A coalizão de María Corina diz possuir 80% das atas eleitorais coletadas por observadores no dia do pleito —24.532 do total de 30.026. Esses documentos foram disponibilizados pela chapa opositora em uma plataforma online.

A ditadura afirma que as atas são falsas, mas há organizações que atestam a veracidade das cópias.

Uma delas é a Missão de Observação Eleitoral (MOE), um projeto independente baseado em Bogotá, na Colômbia, com quase duas décadas de experiência na área. A plataforma checou uma amostragem das atas eleitorais divulgadas pela oposição e disse que "há sérios indícios sobre a integridade desses documentos".

Outra é o Carter Center, que diz ter verificado os dados dos documentos e confirmado que eles são consistentes. A organização aponta que o opositor Edmundo González venceu o pleito de maneira clara e "por uma margem intransponível".

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