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Descrição de chapéu Rússia Estados Unidos

Repórter do The Wall Street Journal é libertado em troca de prisioneiros com a Rússia

Evan Gershkovich ficou detido por 16 meses sob acusação de espionagem, o que ele nega; outras 25 pessoas de sete nacionalidades fizeram parte do acordo

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São Paulo

O repórter americano Evan Gerchkovitch, do The Wall Street Journal, foi libertado em nova troca de prisioneiros com a Rússia nesta quinta-feira (1º), após ficar preso por 16 meses. A informação foi confirmada pelo próprio jornal. Em julho, ele havia sido condenado a 16 anos de prisão por espionagem, o que ele nega

No total, 26 prisioneiros de sete países (EUA, Rússia, Alemanha, Polônia, Eslovênia, Noruega e Belarus) foram libertados nessa que foi uma das maiores trocas de prisioneiros desde a Guerra Fria, segundo a Presidência da Turquia, que coordenou as negociações, que levaram seis meses.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, elogiou a troca de prisioneiros com a Rússia como um feito diplomático. "Algumas destas mulheres e homens foram detidos injustamente durante anos. Todos suportaram sofrimento e incerteza inimagináveis. Hoje, a sua agonia acabou", disse ele num comunicado.

O jornalista norte-americano Evan Gerchkovitch (à dir.), acusado de espionagem, olha de dentro da jaula de vidro antes de audiência no Tribunal Regional de Sverdlovsk, em Yekaterinburg, em junho; ele foi libertado na quinta-feira, 1º de agosto - AFP

Moscou também libertou o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, a jornalista Alsu Kurmasheva e Vladimir Kara-Murza, um dissidente britânico-russo e colunista vencedor do Prêmio Pulitzer, condenado a 25 anos de prisão por acusações relacionadas à traição, segundo o WSJ. A Rússia também libertou vários dissidentes políticos.

A autoridade turca confirmou, ainda, que dez prisioneiros, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os EUA. A Turquia coordenou na capital Ancara e afirmou que sete aviões participaram no transporte do grupo.

De acordo com o WSJ, Gerchkovitch, 32 anos, e outros americanos deixaram a aeronave russa no fim da manhã em aeroporto de Ancara. O jornalista foi então transportado para o saguão de uma aeronave em um ônibus turco.

A editora-chefe do Wall Street Journal, Emma Tucker, disse que o momento em que Gerchkovitch saiu do avião russo foi uma grande alegria para o repórter e sua família, e que a publicação estabeleceu um plano para garantir que ele seja devidamente apoiado quando retornar ao país.

Falando mais tarde na Casa Branca com as famílias de Gerchkovitch e outros que foram libertados na quinta-feira, ainda de acordo com o WST, Biden disse que eles conseguiram entrar em contato com os prisioneiros recentemente libertados por telefone.

"Vários países ajudaram a conseguir isso", disse Biden. "Eles aderiram a uma negociação difícil e complexa a meu pedido. Pessoalmente, agradeço a todos novamente."

A maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria ocorreu em 2010, envolvendo 14 pessoas no total. A desta quinta-feira envolve, segundo o periódico britânico The Guardian, cidadãos presos no Ocidente por espionagem, homicídio e outros crimes.

Gerchkovitch foi detido em 29 de março de 2023 na cidade de Ecaterimburgo, sob acusação de espionagem. Em 19 de julho, o jornalista foi condenado a 16 anos de prisão de forma apressada, segundo o WSJ.

Na época, a Rússia não apresentou nenhuma prova da suposta espionagem por parte do jornalista, de acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras. Gerchkovitch, a família dele, o Wall Street Journal e o governo dos EUA negam veementemente a acusação. Segundo o diário americano, ele tinha credenciais de imprensa fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Sinais de uma grande troca de prisioneiros entre Rússia e Belarus de um lado e Estados Unidos, Alemanha e Eslovênia do outro, se multiplicaram na quinta-feira.

O site de rastreamento de voos Flightradar24 mostrou que um avião especial do governo russo usado em uma troca de prisioneiros anterior envolvendo os Estados Unidos e a Rússia voou de Moscou para o território russo de Kaliningrado, que faz fronteira com a Polônia e a Lituânia, antes de retornar à capital russa. Imagens da Reuters mostraram um avião do governo russo no solo na capital turca, Ancara.

O Pervy Otdel, uma associação especializada na defesa de pessoas em casos russos de traição e espionagem, disse que o voo poderia significar que uma troca de prisioneiros ocorreu na fronteira polonesa.

A Reuters não pôde confirmar essa informação e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao ser questionado sobre relatos de uma iminente grande troca de prisioneiros, disse: "Ainda não estou fazendo comentários sobre isso."

Equipes da AFP afirmam ter assistido ao pouso de duas aeronaves, uma com cores russas e outra do tipo Falcon, no aeroporto civil de Ancara pouco antes das 16h30 locais (10h30 em Brasília).

A movimentação de troca de prisioneiros estava acontecendo há algum tempo. Paul Whelan e Vladimir Kara-Murza, dissidente russo-britânico, ambos presos na Rússia, haviam desaparecido repentinamente da vista, disseram seus advogados um dia antes, depois que pelo menos sete russos foram transferidos inesperadamente de suas prisões nos últimos dias.

Também houve relatos não confirmados da mídia russa de que outro dissidente, o ativista opositor Vadim Ostanin, foi retirado de sua prisão na Sibéria. Há relatos similares com outros prisioneiros.

A inteligência turca havia anunciado que estava coordenando uma extensa troca de prisioneiros, em meio a sinais de uma grande troca entre os dois lados.

"Nossa organização assumiu um grande papel de mediação nesta operação de troca, que é a mais abrangente do período recente", disse a Agência Nacional de Inteligência (MIT) em um comunicado.

Tanto o Kremlin quanto a Casa Branca se recusaram a comentar quando questionados sobre a troca, antes de ela ser confirmada.

Ivan Pavlov, advogado de direitos humanos russo que vive em Praga e fundou o Pervy Otdel, disse que o desaparecimento de tantas pessoas com perfis semelhantes sugeria que as autoridades estavam se reunindo, provavelmente em Moscou, para a troca.

Ele disse que o presidente Vladimir Putin precisaria perdoá-los antes da troca, uma formalidade necessária. O veículo de mídia Important Stories chamou a atenção para o fato de que Putin, de acordo com um site do governo, assinou uma série de decretos secretos em 30 de julho que poderiam ser perdões de prisioneiros.

No Ocidente, os dissidentes são vistos por governos e ativistas como prisioneiros políticos detidos injustamente. Todos foram designados por Moscou, por diferentes motivos, como extremistas perigosos.

Entre aqueles que Moscou sinalizou que deseja está Vadim Krasikov, um russo cumprindo prisão perpétua na Alemanha por assassinar um dissidente checheno-georgiano exilado em um parque de Berlim.

Um tribunal esloveno condenou na quarta-feira dois russos a cumprir pena por espionagem e uso de identidades falsas, e disse que seriam deportados, relatou a agência de notícias estatal STA, uma ação que um canal de TV esloveno disse fazer parte da troca mais ampla.

Em dezembro de 2022, a Rússia trocou a estrela do basquete Brittney Griner, condenada a nove anos por ter cartuchos de vape contendo óleo de cannabis em sua bagagem, pelo traficante de armas Viktor Bout, cumprindo uma sentença de 25 anos nos EUA.

Com Reuters e AFP

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