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Preços de casas novas na China caem no ritmo mais rápido em nove anos

Desaceleração ocorre apesar de medidas de apoio ao setor imobiliário; leia na newsletter China, terra do meio

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Igor Patrick
Washington

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio desta terça-feira (17). Quer recebê-la toda semana no seu email? Inscreva-se abaixo:

Os preços de imóveis novos na China caíram mais uma vez em agosto. Este foi o ritmo mais rápido registrado em mais de nove anos, com uma queda de 5,3% em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais divulgados nesse sábado (14).

A desaceleração ocorre apesar das medidas de apoio implementadas —como créditos para jovens em busca do primeiro imóvel e a reconfiguração de projetos inacabados em moradias populares—, que não conseguiram impulsionar uma recuperação significativa no setor imobiliário.

  • A queda foi mais acentuada em cidades do sul, como Guangzhou e Shenzhen, onde os preços de casas novas caíram 4,6% e 4,8%, respectivamente.

Em maio, o governo pediu que mais de 200 cidades comprassem casas não vendidas para aliviar o excesso de oferta, mas apenas 29 atenderam ao pedido. Isso porque, ainda endividadas devido às estratégias custosas de combate pandêmico entre 2020 e 2023, autoridades locais seguem preocupadas com os custos.

Edifícios residenciais em construção pela incorporadora Vanke em Hangzhou, na província de Zhejiang, no leste da China - AFP - AFP

Além disso, comprar projetos imobiliários agora não faz tanto sentido —fontes ouvidas pela Bloomberg estimam que a tendência é que os preços de apartamentos caiam mais de 30% nas grandes cidades antes de estabilizarem.

E o problema está longe de acabar: fatores como baixa confiança dos compradores, inflação fraca e dificuldades de financiamento para imóveis acabados podem levar a uma queda estimada de 8,5% nos preços em 2024 e 3,9% em 2025, segundo a Reuters.

Por que importa: de maneira semelhante a muita gente no Brasil, o investimento imobiliário foi por anos na China uma das principais formas de preservar patrimônio em ativos até então considerados seguros.

Por isso, a crise ameaça não apenas os setores de construção civil e imobiliário, mas também pode causar um efeito cascata. Com os imóveis valendo menos, as pessoas podem se sentir menos inclinadas a consumir, acelerando o problema de deflação observado no país.


Para para ver

'Map of Mythology', painel produzido por Qiu Zhijie - Reprodução

"Map of Mythology", painel produzido por Qiu Zhijie, um dos principais artistas em atividade na China. Natural da província de Fujian, ele costuma mesclar caligrafia, fotos e ilustrações para compor suas peças. Leia mais sobre ele aqui.


O que também importa

Um pastor americano de 68 anos foi libertado após passar mais de 18 anos preso na China, segundo o Departamento de Estado dos EUA. David Lin chegou à China em 2006 e tentou estabelecer um centro de treinamento cristão por lá. Porém, foi detido em 2009 e inicialmente condenado à prisão perpétua por acusações de fraude contratual. Ele sempre negou o crime. Desde então, a sentença de Lin foi reduzida várias vezes e ele sairia da prisão em 2029. A libertação ocorreu pouco antes de uma audiência no Congresso dos EUA sobre outros americanos detidos na China, como Kai Li e Mark Swidan, acusados de espionagem e tráfico de drogas, respectivamente.

A Casa Branca anunciou que vai regulamentar novas regras que visam taxar remessas de baixo valor da China. A medida busca acabar com o uso excessivo da regra "de minimis", que concede isenção de impostos de importação a pacotes com valores abaixo de US$ 800 (cerca de R$ 4400). Oficiais governamentais americanos dizem que empresas como Shein e Temu usaram o benefício para competir deslealmente com players locais através de preços artificialmente mais baixos. As novas normas serão implementadas a partir de janeiro e devem remover a isenção a produtos chineses que já enfrentam tarifas nos EUA, como calçados e têxteis. A Shein e a Temu disseram à imprensa que estão avaliando as mudanças.

Um jovem de 27 anos se declarou culpado de sedição em Hong Kong por usar uma camiseta com um slogan de protesto, tornando-se a primeira pessoa condenada sob a nova lei de segurança nacional. Chu Kai-pong foi preso em 12 de junho usando uma camiseta com a frase "Liberte Hong Kong, revolução de nossos tempos" e uma máscara com "cinco demandas, nenhuma a menos", ambas associadas aos protestos pró-democracia de 2019. Ao ser levado à cadeia, Chu disse a autoridades policiais que usou deliberadamente a camisa pois queria que Hong Kong retornasse ao domínio colonial britânico e esperava que outros ecoassem sua crença. A pena ainda deve ser anunciada, mas as novas regras implementadas pelo Artigo 23 da Lei Básica em março preveem sentenças de até sete anos de prisão, podendo chegar a 10 anos em casos de "conluio com forças estrangeiras".

Fique de olho

Um grupo de autoridades governamentais dos EUA viaja a Pequim nesta semana para reuniões com homólogos chineses.

Liderada por Jay Shambaugh, subsecretário de Assuntos Internacionais do Departamento de Tesouro dos EUA, a delegação quer discutir "desequilíbrios macroeconômicos e políticas industriais que correm o risco de causar danos significativos aos trabalhadores e empresas nos EUA e em todo o mundo," informou o The Wall Street Journal nesta terça (17).

A viagem faz parte de um grupo de trabalho econômico criado no ano passado para melhorar a comunicação entre os dois países. Além de funcionários do Tesouro, membros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) também estarão na comitiva.

Por que importa: os Estados Unidos seguem preocupados com os riscos da sobrecapacidade industrial chinesa e os impactos dela para o crescimento global.

É bastante provável que esse seja o principal tema das discussões entre os dois lados, embora a China insista em negar que está promovendo uma política estatal de exportação subsidiada para conter a desaceleração doméstica.


Para ir a fundo

O Conselho Empresarial Brasil-China lançou, em parceria com o Ipea e Confederação de Agricultura e Pecuária, um extenso estudo que analisa os impactos de um potencial TLC entre o Mercosul e a China. Leia aqui (gratuito, em português).

Participei na semana passada do The China Global South Podcast para falar sobre a entrada do Brasil na Iniciativa de Cinturão e Rota. Ao lado de Thiago Bessimo, co-fundador da Observa China, falei também sobre o novo momento nas relações sino-brasileiras sob a batuta de Lula. Ouça aqui (gratuito, em inglês).

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