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Descrição de chapéu Argélia

Presidente da Argélia é declarado reeleito com 95% dos votos, mas aponta supostas irregularidades

Em movimento inédito, candidatos emitem comunicado conjunto e citam contradições nos resultados do pleito

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São Paulo

A Argélia está em um impasse desde a noite do último domingo (8), quando os números das eleições da véspera foram contestados pelos principais candidatos do pleito —incluindo o suposto vencedor, Abdelmadjid Tebboune, atual presidente do país africano e reeleito com anunciados 95% dos votos.

O imbróglio gira em torno principalmente da taxa de comparecimento dos eleitores, que ficou aquém do desejado na vitória de Tebboune em 2019, quando apenas 39,9% do eleitorado foram às urnas em meio a uma campanha de boicote.

Cartaz eleitoral do presidente da Algéria, Abdelmadjid Tebboune, na capital do país, Argel - Reuters

No sábado (7), após o fechamento das seções, as autoridades afirmaram que 48% dos eleitores haviam votado, o que seria suficiente para ultrapassar a participação das últimas eleições. No dia seguinte, porém, as mesmas autoridades afirmaram que 5,6 milhões dos cerca de 24 milhões de eleitores do país haviam participado, representando 23,3%.

Os números foram prontamente contestados pelos adversários de Tebboune —Abdelaali Hassani Cherif, 57, líder do Movimento Sociedade pela Paz, e Youcef Aouchiche, 41, que lidera a Frente das Forças Socialistas.

O porta-voz de Cherif, Ahmed Sadok, classificou os resultados de farsa. Segundo ele, seu candidato havia recebido muito mais votos do que os anunciados, de acordo com as próprias contagens da campanha. A equipe afirmou ainda que funcionários dos postos de votação foram pressionados a inflar os resultados.

Na noite de domingo, de forma inédita, as equipes de campanha dos três candidatos, incluindo a de Tebboune, denunciaram em um comunicado conjunto "irregularidades e contradições nos resultados" anunciados pela autoridade eleitoral, alertando a população para "a imprecisão e as contradições dos números". Os três também mencionaram um "erro no anúncio dos percentuais de cada candidato".

Dificilmente as contestações vão mudar o vencedor. Os resultados preliminares oficiais deram 3% para Cherif e 2% para Aouchiche.

O favoritismo do atual presidente já era esperado em uma eleição na qual mais de dez candidaturas foram barradas pelo órgão eleitoral —incluindo a mais consistente da oposição, da advogada Zubaida Assoul, líder do partido que participou dos protestos de 2019. Esses atos derrubaram Abdelaziz Bouteflika, no poder havia 20 anos.

A provável reeleição de Tebboune significa que a Argélia continuará com um programa de governo que retomou gastos sociais com base nas receitas de energia, que aumentaram após um período de preços baixos do petróleo.

Ele prometeu aumentar os benefícios para desempregados, as pensões e os programas de habitação pública. "Enquanto Tebboune continuar a aumentar os salários e as pensões e manter os subsídios, ele será o melhor aos meus olhos", disse à agência de notícias Reuters Ali, que estava em uma cafeteria na comuna de Ouled Fayet, no norte do país, e não quis informar seu sobrenome.

No campo da política, sua vitória coloca a Argélia em uma rota parecida com a de outros países do norte da África, que tentaram derrubar ditaduras após a Primavera Árabe, em 2010. O movimento destituiu diversos regimes e deu esperanças de que uma onda democrática se alastraria pela região, mas, passados mais de dez anos, muitas das nações seguem comandadas por governos autoritários subordinados às Forças Armadas.

Na Argélia, os protestos levaram centenas de milhares de pessoas às ruas todas as semanas por mais de um ano, exigindo o fim da corrupção e a destituição da elite governante, mas foram interrompidos pela pandemia de Covid-19. Atualmente, Tebboune apoia uma abordagem rígida das forças de segurança, que prenderam dissidentes proeminentes.

"A participação é muito baixa. Isso mostra que a grande maioria é como eu", disse à Reuters Slimane, 24, um morador da comuna de Ouled Fayet que também pediu para não dar seu sobrenome. Ele disse que não votou porque não confia em políticos.

Com Reuters e AFP

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