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Contágio emergente

Cenário tornou-se mais adverso e colocará à prova os frágeis de sempre

Lira turca já caiu cerca de 40% neste ano - Murad Sezer/Reuters

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O súbito agravamento da crise na Turquia decorre, em grande medida, de aspectos locais como a inflação elevada e o acúmulo de dívida externa de curto prazo, decorrentes da gestão econômica cada vez mais populista. Com tal receita, a lira já caiu cerca de 40% neste ano.

Entretanto o contágio a afetar outros mercados e moedas de países emergentes, que também se desvalorizaram ante o dólar nas últimas semanas, sinaliza a existência de fatores globais em operação. 

Talvez o principal deles seja que o mundo se encontra em transição para um ambiente de liquidez menos abundante. Após anos de injeção direta de dinheiro na praça pelos bancos centrais dos países ricos, o caminho agora é inverso. 

Com a economia dos EUA crescendo de forma acelerada, ostentando o menor desemprego em décadas, o Federal Reserve já iniciou a jornada restritiva e indica que subirá os juros até pelo menos 3% ao ano até o final do próximo ano.

Da mesma forma, o Banco Central Europeu, embora com atraso em relação a seu congênere americano, deve cessar suas intervenções nos próximos meses.

É nesse contexto que os mercados emergentes reagem. Custos mais altos de financiamento tendem a explicitar fragilidades até então submersas. Não surpreende, portanto, que o ponto focal das preocupações seja o elevado nível de dívidas contraídas por empresas e governos desde a crise de 2008. 

O quadro adverso se completa com o aumento das tensões entre a China e os EUA, que tem levado a um desempenho financeiro pior da primeira. Enquanto os índices americanos se aproximam do máximo histórico, a Bolsa chinesa caiu mais de 20% no ano. 

Da mesma forma, os últimos indicadores apontam para uma desaceleração do crescimento do gigante asiático. Não por acaso, preços de matérias-primas recuaram.

Mesmo levando tudo isso em conta, parece precipitado considerar a iminência de uma crise global. O cenário realmente se tornou mais adverso, porém, e colocará à prova os frágeis de sempre.

No caso do Brasil, que tem as contas com o exterior em ordem e elevadas reservas em dólar, é a fragilidade das finanças públicas que preocupa. O novo presidente terá que agir logo para proteger o país de tumultos financeiros.

editoriais@grupofolha.com.br

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