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Pesquisa mostra descrédito em ciência e atesta hiato entre academia e sociedade

Cientista trabalha em laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo - Divulgação

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São preocupantes os resultados de uma pesquisa internacional que revela baixa confiança dos brasileiros nos cientistas —particularmente num momento em que a pandemia de Covid-19 confere à ciência papel central na tomada de decisões públicas e individuais.

No levantamento do Pew Research Center, que ouviu 32 mil pessoas em 20 países antes da crise do novo coronavírus, 36% dos entrevistados no Brasil declararam dar pouco ou nenhum crédito a cientistas —a maior taxa de respostas negativas nessa questão.

Em comparação, o percentual é de 21% nos Estados Unidos, 13% na Alemanha e 17% na média global.

Aqui, não mais de 23% declaram confiar muito nos cientistas, um percentual semelhante ao obtido pelos militares (21%). No mundo, os que se declaram de esquerda em geral acreditam mais na ciência do que os direitistas; já entre os brasileiros, a posição política não altera as cifras.

Chama a atenção o fato de que esses números divergem dos apurados em sondagem nacional semelhante, divulgada no ano passado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.

Muito mais otimista, a pesquisa nacional apontou cientistas, especificamente “de universidades ou de institutos públicos de pesquisa”, ao lado de médicos entre os mais citados como fontes de informação de maior confiança. Do outro lado, militares, políticos e artistas foram apontados como fontes de menor credibilidade.

Diferenças na simples formulação das questões nas duas pesquisas podem explicar os resultados discrepantes. De todo modo, motivos de inquietação permanecem.

Apesar de mostrar maior confiança nos cientistas, o trabalho nacional explicita que se desconhece quem faz ciência no país. Nove em cada dez entrevistados pelo ministério não sabiam dizer o nome de um profissional ou de uma instituição científica brasileira.

Soma-se a isso o baixo nível de educação científica de base no Brasil. A título de exemplo, 73% dos entrevistados acreditam que os antibióticos matam vírus.

Ao revelar uma população descrente na ciência ou declaradamente confiante em algo que desconhece, os dois levantamentos dialogam mostrando um distanciamento perturbador entre academia e sociedade. Os cientistas do país, parece, seguem encastelados em seus laboratórios.

editoriais@grupofolha.com.br

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