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Assalto à democracia

Ataque ao Congresso incitado por Trump mancha os EUA, mas instituições vencem

Insuflada por Trump, multidão invade o Capitólio - Leah Millis/Reuters

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Num ataque infame, que mancha a história da democracia americana, uma horda de extremistas de direita, incitada pelo presidente Donald Trump, invadiu o prédio do Congresso dos EUA durante a sessão convocada para oficializar a vitória do eleito Joe Biden.

O maestro do espetáculo ultrajante de hostilidade às regras democráticas jamais deixou dúvidas quanto às suas convicções autoritárias, racistas e homofóbicas, enfeixadas por um projeto político regressivo, baseado no apelo mítico do ressurgimento de uma América fabulosa e ancestral, purificada das influências nefastas da modernidade e do internacionalismo.

Desde a campanha de 2016, Trump aposta na polarização ideológica e no descrédito das instituições. Suas investidas para rechaçar e tachar de fraudulento um possível resultado negativo nas urnas, em 2020, já eram conhecidas bem antes do processo eleitoral.

Quando a derrota se esboçou, o republicano passou a comportar-se como um golpista desvairado, a exortar, com base em falsidades, uma rebelião contra o sufrágio popular —esforço coroado pelo assalto ao Capitólio, que deixou quatro mortos e uma mácula sinistra na política dos EUA.

Se não encontrou condições de organizar um golpe de Estado, Trump recorreu às armas disponíveis para enfraquecer Biden e alardear a versão mentirosa de que teria sido vítima de uma conspiração. O impostor semeia a insegurança para dar prosseguimento à sua saga política destrutiva, que projeta graves indagações sobre o futuro.

Consideradas as circunstâncias, a vitória democrata no Senado, que assegurou ao partido maioria nas duas Casas legislativas, constitui uma notícia auspiciosa. Desanuviam-se, ao menos em parte, os riscos de paralisação governamental numa nação imersa em confrontos ferrenhos e perigosos.

As recorrentes comparações que se fizeram entre as cenas vistas na capital dos EUA e as insurreições e quarteladas do Terceiro Mundo merecem ser ponderadas. Para além da baderna, Trump perdeu tudo —e pode ter destino pior do que apenas deixar a Casa Branca.

No Brasil, também o sistema de freios e contrapesos contém um populista de inclinações autoritárias que tem em Trump uma fonte óbvia de inspiração.

Entusiasta da ditadura militar e venerador de torturadores, Jair Bolsonaro sempre foi fiel e submisso ao congênere americano. Natural que, à luz sombria dos conflitos em Washington, tenha evitado condenações. Preferiu lançar ameaças à democracia brasileira, afirmando que se o país não regredir ao voto impresso enfrentará “problema pior do que nos EUA”.

Como deixa claro o tumulto insuflado por Trump, não se deve subestimar o obscurantismo que se propaga na política internacional. Nos Estados Unidos, felizmente, as instituições prevalecem —como têm prevalecido também no Brasil.

editoriais@grupofolha.com.br

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