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Grave suspeita

São muitas as dúvidas sobre a lisura da compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro

Frasco da vacina Covaxin - Indranil Mukherjee/AFP

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Como se não fosse desastrosa o bastante a atuação do governo Jair Bolsonaro na busca de vacinas contra a Covid-19, às evidências de incúria somam-se agora suspeitas quanto à lisura do processo, em particular na compra do imunizante indiano Covaxin.

Os sinais de alerta começam pelos preços. Pelo contrato, assinado em fevereiro, o governo brasileiro pagaria US$ 15 por dose da Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, numa operação que envolveria 20 milhões de doses e totalizaria R$ 1,61 bilhão.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, houve encarecimento de 1.000% ante o valor anunciado pelo fabricante seis meses antes.

O imunizante é o mais caro dos seis que o Executivo federal contratou. O da Pfizer, que se vale de uma tecnologia muito mais avançada do que a empregada na Covaxin, saiu por US$ 10 a dose. O produto indiano só foi aprovado pela Anvisa no último dia 4, após uma rejeição e com ressalvas de uso.

Ao contrário do que ocorre com as vacinas ocidentais, não há muitos trabalhos sobre a eficácia/efetividade da Covaxin publicados em periódicos com revisão por pares.

Outro detalhe inquietante é que ela, ao contrário de todas as outras vacinas compradas pelo Brasil, que foram negociadas diretamente com o laboratório, foi adquirida por meio de um representante, a Precisa Medicamentos.

O sócio-administrador da empresa, Francisco Emerson Maximiano, preside outra, a Global Gestão em Saúde, que responde a processo por irregularidades em contratos com o Ministério da Saúde.

O processo de aquisição do fármaco indiano também correu com uma rapidez que contrasta com o pouco caso negligente que o governo Bolsonaro dispensou à compra de outros imunizantes.

Como revelou a Folha, Luís Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, relatou ao Ministério Público Federal, em 31 de março, ter sofrido pressão incomum para assinar o contrato.

Pior, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luís Ricardo, diz que alertou, em 20 de março, o próprio presidente acerca dos indícios de irregularidades.

Segundo o parlamentar, Bolsonaro prometeu que acionaria a Polícia Federal, mas não houve informação posterior a esse respeito.

Por fim, todos os prazos fixados para a chegada das vacinas indianas se esgotaram sem que nenhuma dose tenha sido entregue. Para um mandatário que se gaba de não ser alvo de acusações de corrupção, há muito a explicar.

editoriais@grupofolha.com.br

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