Cracolândia ambulante
Estado e município batem cabeça sobre política que enfrente o problema em SP
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Não há bala de prata para resolver um problema complexo cuja causa é multifatorial, como a cracolândia na cidade de São Paulo. Mas governo do estado e prefeitura parecem confusos até mesmo para decidir qual caminho seguir.
Recentemente, o Palácio dos Bandeirantes esteve calado, recusando entrevistas sobre o assunto.
O silêncio foi quebrado na terça (19), com o anúncio de que o governo moveria a aglomeração de usuários do bairro Santa Ifigênia para o Bom Retiro, ambos no centro.
O objetivo seria afastar a cracolândia de áreas residenciais e comerciais e aproximá-la de equipamentos públicos como o Complexo Prates, da Prefeitura, que integra uma unidade de acolhida para pessoas em situação de rua, um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas e uma unidade da Assistência Médica Ambulatorial.
Contudo, na quarta (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que não havia sido informado sobre a intenção do estado.
A abordagem da prefeitura tem sido a do confronto para desfazer grandes aglomerações, como a megaoperação policial na Praça Princesa Isabel em maio de 2022 —o que facilitaria o contato de assistentes sociais com os usuários.
O resultado, entretanto, foi a dispersão da cracolândia por bairros do centro como Campos Elíseos e Santa Ifigênia, gerando transtorno para comerciantes e moradores. Aumentaram os ataques a lojas e os furtos de celulares de motoristas e de passageiros de ônibus.
Enquanto isso, moradores do Bom Retiro se mobilizaram por meio de um abaixo-assinado contendo milhares de adesões.
Com a repercussão, Tarcísio recuou. Na quinta (20), o governo desistiu da transferência. Em nota oficial, disse que novas possibilidades para solucionar a questão "serão divulgadas em breve".
Mudar o problema de lugar está longe de resolvê-lo. A prisão de traficantes também não é panaceia, já que novos jovens são recrutados por organizações criminosas.
É preciso aumentar o policiamento para coibir furtos, mas, enquanto os poderes municipal e estadual não se entenderem para implementar um programa integrado e interdisplinar de longo prazo (com saúde, segurança, moradia e geração de renda), a cracolândia continuará perambulando pela cidade.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, desde abril, o número de usuários no centro passou de 800 para 1.100.
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