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O que a Folha pensa Partido Republicano

Atentado contra Trump eleva tensão e incerteza

Em meio a teorias conspiratórias e uso político do crime, é um imperativo global que a calma retorne às eleições nos EUA

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Donald Trump é protegido por seguranças após sofrer atentado em comício na Pensilvânia (EUA) - Rebecca Droke/AFP

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O histórico de violência política dos Estados Unidos, país que nasceu e vive sob o signo das armas de fogo, ganhou um novo e temerário capítulo no sábado (13), quando o ex-presidente Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato.

A bala disparada durante comício na Pensilvânia raspou-lhe a orelha e deu ao republicano, que busca voltar à Casa Branca, uma fotografia poderosa: com o rosto sangrando, punho erguido e a bandeira dos EUA tremulando ao fundo.

Admiradores do candidato viram nela a repetição da clássica imagem dos fuzileiros navais americanos levantando o estandarte nacional na ilha de Iwo Jima, tomada dos japoneses em 1945 —esquecem, porém, que tal fotografia fora uma encenação do hasteamento original, usada depois como propaganda.

Não se insinua isso sobre o atentado, embora as redes sociais estejam coalhadas de teorias conspiratórias. A condenação da violência tem de ser firme e inequívoca, quem quer que seja o seu alvo.
Isso dito, há que se considerar a contribuição do populismo desabrido de Trump para o acirramento do clima político nos EUA e a corrosão institucional da principal democracia do mundo.

O republicano trabalha o conflito como forma de ação política. Sua derrota em 2020 para o democrata Joe Biden, que cambaleia para manter a candidatura neste ano, foi uma rejeição momentânea a este modus operandi, não o seu fim.

Some-se isso a uma política de armas que permite que um fuzil AR-15 como o usado no ataque por Thomas Mattew Crooks, cujas motivações ainda são incógnitas, seja facilmente encontrado em lojas, e a receita do desastre está dada.

A culpa não é só de Trump. Ainda que seja insensata a acusação de que Biden ajudou a provocar o crime por dizer que o republicano ameaça a democracia, a polarização interessa aos dois lados.

É imperativo que se acalmem os ânimos, devido ao impacto global do que ocorre nos EUA. A Europa vive uma onda de violência política: o premiê trumpista da Eslováquia sobreviveu a um ataque a tiros; sua colega progressista da Dinamarca foi agredida na rua.

No Brasil, o atentado já foi assimilado pela guerra cultural entre bolsonaristas e petistas. O entrelaçamento narrativo das trajetórias de Trump e Jair Bolsonaro (PL) já era fato com a ascensão e queda deles —o 6 de janeiro de Washington e o 8 de janeiro em Brasília.

Agora, os tiros remetem à facada levada pelo brasileiro na campanha de 2018. Os episódios são diversos, mas o resultado é o risco de criação de um mártir político. Trump já vestiu tal manto, o que torna a missão de apaziguamento proposta por Biden mais difícil, e o caminho até novembro, incerto.

editoriais@grupofolha.com.br

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