Siga a folha

Descrição de chapéu
editoriais

Macron respira, mas ainda está sob pressão

Manobra para conter a ultradireita dá certo; ascensão da esquerda em Parlamento rachado tende a dificultar o governo

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Emmanuel Macron, presidente da França - Ludovic Marin/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A surpreendente derrota da ultradireita no segundo turno da eleição parlamentar francesa, no domingo (7), é boa notícia para a democracia. Ainda que a Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen tenha moderado posições, o radicalismo retrógrado de várias de suas bandeiras ensejava temores.

A reviravolta, no entanto, traz dificuldades de outra natureza. A vitoriosa Nova Frente Popular (NFP) é um amálgama heterogêneo de extremistas de esquerda, esquerdistas mais moderados e ecologistas, mas sua face pública é Jean-Luc Mélenchon.

Aos 72 anos, o deputado veterano personifica equívocos diversos da esquerda francesa, ícone para boa parte da mundial, tem de errado. Se aponta problemas reais na estrutura do poder público, lança mão de um receituário estatista obsoleto para enfrentá-los.

Pior, defende ideias incompatíveis com a ideia de uma Europa unida e arejada. Flertou com o antissemitismo e compra a versão russa de que a Guerra da Ucrânia foi causada não por Vladimir Putin, mas pelo Ocidente. Nesse sentido, é uma Le Pen com o sinal trocado.

Mas ninguém dominou de fato o pleito. A NFP obteve 182 de 577 cadeiras da Assembleia Nacional; o bloco do presidente Emmanuel Macron, Juntos, 168; e a RN, 143.

A votação foi uma manobra política arriscada do mandatário centrista, que a convocou para tentar barrar a ascensão da RN vista nas eleições parlamentares da União Europeia em junho.

Isso foi obtido, e não é desprezível a ojeriza que boa parte da sociedade expressou à RN —o que deverá motivar cálculos eleitorais de Le Pen e populistas mundo afora, como Jair Bolsonaro (PL), que já celebravam o triunfo que não veio. O protagonismo, porém, ficou com Mélenchon e seu grupo.

Sobra uma crise que já estava contratada se Le Pen fosse vitoriosa sem a maioria de 289 assentos. A França tem parca experiência em governos de coabitação, nos quais o premiê equilibra forças com o presidente de outro partido.

Mélenchon já pede o poder para implementar seu ideário. Por ora, para não afetar as Olimpíadas que começam no fim do mês em Paris, Macron manteve o primeiro-ministro Gabriel Attal, aliado num Parlamento no qual o presidente não tinha maioria absoluta e recorria a decretos para governar.

Moderados da NFP podem unir-se a Macron, que respirou um pouco no pleito, mas isso é considerado improvável. Se a instabilidade dificultar a administração, a pressão sobre o presidente crescerá.

Ele cumpre seu mandato derradeiro até 2027 e já rejeitou renunciar, mas o cenário tenso poderá fazê-lo repensar. Le Pen, e agora Mélenchon, apenas esperam.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas