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Oropouche mais grave

Vírus causa mortes inéditas com impulso de mudança do clima e saneamento escasso

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Maruim, mosquito transmissor do vírus que causa febre oropouche - Conselho Federal de Farmácia/Reprodução

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O avanço da febre oropouche no país evidencia como políticas de longo prazo, que articulem os setores de meio ambiente e infraestrutura urbana, são fundamentais para a proteção da saúde pública.

Entre janeiro e 28 e julho deste ano, o Ministério da Saúde registrou 7.286 casos da doença em 21 estados; foram confirmadas mortes de dois adultos na Bahia e uma fetal em Pernambuco.

No sábado (3), a Organização Pan-Americana da Saúde mudou a categorização de risco do fenômeno de "moderado", no início do ano, para "alto", dadas a alta na contaminação, a transmissão vertical (da gestante para o feto) e mortes inéditas —até então, a literatura científica global não havia relatado óbito por causa da moléstia.

A febre oporouche é causada pelo vírus Orov, que é transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim. Em ambientes urbanos, o comum pernilongo (Culex quinquefasciatus) também é vetor da infecção.

O vírus é endêmico da região amazônica e surtos são registrados no país desde os anos 1960. Segundo especialistas, o avanço atual pode estar relacionado a inundações inauditas na amazônia entre 2020 e 2021, geradas pelo fenômeno La Niña —já que o clima úmido é propício para o inseto.

Ademais, o desmatamento aliado à urbanização acelerada gera alterações no ecossistema que expandem o raio de ação do inseto.

O precário saneamento básico brasileiro, atrasado por décadas de ineficiência estatal, também contribui para a reprodução do vetor que, como a do mosquito da dengue, se dá por meio de água parada.
Para piorar, uma nova cepa do Orov, que se replica até cem vezes mais do que o vírus original, pode estar vinculada ao surto em curso.

No curto prazo, só resta preparar as redes para atender os pacientes e criar campanhas de conscientização para evitar contaminação.

À frente, contudo, caberá a todas as esferas de governo adotar ações estruturais para conter doenças infeciosas e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde pública —que nos próximos anos já terá de enfrentar o desafio do envelhecimento populacional.

editoriais@grupofolha.com.br

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