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O que a Folha pensa mudança climática

Onde há fumaça há fogo e falta urgência

Sob Lula e Marina, esperava-se contraste maior com retrocesso de Bolsonaro; Congresso mal reage à tragédia da seca

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Incêndio na Floresta Nacional de Brasília - Ueslei Marcelino - 4.set.24/Reuters

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Com 60% do território envolto em fumaça de queimadas e incêndios florestais, o Brasil enfrenta uma crise ambiental não menos impactante que as enchentes do Rio Grande do Sul. Governos e sociedade, entretanto, reagem de forma letárgica à catástrofe.

Do início do ano até domingo (8), o país teve 165 mil focos de fogo registrados por satélite, 82% deles na amazônia e no cerrado. Ventos levam o fumo da queima de vegetação até o Sul e o Sudeste, sobrecarregando serviços de saúde com casos de síndrome respiratória aguda grave, arriscando vidas de crianças e idosos.

Um dia virá o cômputo de mortes adicionais na tempestade perfeita de fogo e seca recordes, mas isso não é necessário para dimensionar o desastre. Rios amazônicos secam, isolando ribeirinhos; aeroportos e portos fecham; aulas são suspensas; acidentes se multiplicam nas estradas sob visibilidade reduzida.

O agravamento das mudanças climáticas sob o aquecimento global cria desafios que extrapolam os parâmetros anteriores para discernir variabilidade natural de anomalias ameaçadoras para a população, a exigir ação mais decidida ante eventos extremos.

Com Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, o governo federal aumentou o efetivo de brigadistas do Ibama de 2.109 para 2.255 desde a temporada de chamas de 2023, mas deixou reduzir-se de 1.415 para 981 o do ICMBio.

O desmate caiu na amazônia e só estacionou no cerrado, com o agravante de que no primeiro bioma agora ocorrem incêndios florestais onde antes o fogo não se propagava. Esperava-se contraste mais visível —que fosse além do discurso— com os retrocessos patrocinados por Jair Bolsonaro (PL).

Mesmo setores mais modernos do agronegócio, embora acolham a tese de que não é preciso derrubar matas para aumentar a safra, bastando melhorar a produtividade e recuperar pastagens degradadas, questionam a meta oficial de zerar o desmatamento ilegal ou legal em 2030.

Em carta de 2 de setembro ao Ministério do Meio Ambiente, 13 entidades do setor apontam que nem o ilegal está equacionado.

O Congresso mal reage ao flagelo. Verdade que aprovou legislação sobre manejo de fogo, porém após seis anos de tramitação e três de queimadas devastadoras. A bancada ruralista segue ativa na pauta antiambiental.

Cortou verbas do Ibama para combate a incêndios, depois recompostas por créditos extraordinários. Barrou a criação de uma autoridade climática por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na tragédia gaúcha, todos se uniram pela reconstrução. Lula foi ao estado e cercou-se de ministros ao apresentar em pronunciamento medidas enérgicas para enfrentar a crise, com apoio do Legislativo e do Judiciário.

Faltam planos, metas e articulação no poder público. Cabe ao governo de um país em chamas liderar a mobilização para debelá-las, hoje, e prevenir que o despautério se repita no futuro.

editoriais@grupofolha.com.br

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