Presidente interina, Cármen Lúcia afirma ver raiva em período eleitoral
No Rio, ministra afirmou que é difícil ser um povo quando nos colocamos uns contra os outros
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A presidente interina da República, Cármen Lúcia, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta sexta-feira (27) ver manifestações de “raiva” do atual cenário eleitoral brasileiro.
Sem se referir a nenhum candidato, Cármen afirmou que “é difícil ser um povo quando nos colocamos uns contra os outros, e não contra as ideias dos outros”.
“Somos um povo, formamos uma nação. No entanto, onde quer que eu pouse meus olhos, parece que descortino sempre uma multiplicidade de pensares, expressões, contradições, manifestações emocionais exasperadas, com cores fortes, contraditórias. E não poucas vezes tomadas de manifestação do que me parece ser raiva. É algo que nunca tinha visto desta forma”, disse ela, em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
A ministra do STF está interinamente como presidente da República em razão de viagens do presidente Michel Temer, na África do Sul para reunião dos Brics, e dos demais na linha sucessória. Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) também saíram do país para não assumir o cargo, o que poderia inviabilizar as respectivas candidaturas.
“Basta ter olhos a ver que estamos vivendo, não uma pátria mãe gentil, a falta de gentileza parece que está presente de todos nós. É preciso que nós recobremos basicamente a sermos filhos gentis para que essa pátria seja uma mãe gentil para todos”, afirmou.
O Judiciário tem sido tema nas últimas semanas da pré-campanha presidencial. O deputado Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a nomeação de dez novos ministros para o STF. O ex-presidente Lula (PT) defendeu limitar os poderes da corte e o mandato de seus componentes. Já Ciro Gomes (PDT) defendeu “botar juiz para voltar para a caixinha dele”.
Cármen não comentou as declarações —nem sequer deu entrevista. Disse apenas, de forma genérica, que “qualquer descumprimento das instituições democráticas é descumprir a lei”.
“No momento de acirramento de ânimos, precisamos que nos unamos na dignidade humana”, disse, em discurso.
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