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Descrição de chapéu Eleições 2022

Coronel que participou de live de Bolsonaro com mentiras sobre urnas ganha cargo no Planalto

Eduardo Gomes da Silva, militar da reserva, era assessor especial de Luiz Eduardo Ramos

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta terça-feira (17) o coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva para a Secretaria Especial de Modernização do Estado (Seme).

O militar apareceu ao lado do presidente na live em que fez seu maior ataque ao sistema de votos do país, com profusão de mentiras e sem apresentar provas.

Próximo ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, o coronel está no Palácio do Planalto desde 2020. Ele era secretário-especial-adjunto da Secretaria Especial de Relações Institucionais, depois se tornou assessor especial no gabinete de Ramos.

À esq. o especialista apresentado apenas como "Eduardo, analista de inteligência" na live transmitida por Bolsonaro em 29 de julho com ataques ao sistema eleitoral brasileiro - Reprodução

Bolsonaro realizou no último dia 29 de julho uma live para apresentar o que ele chamava de provas das suas alegações, mas trouxe apenas teorias que circulam há anos na internet e que já tinham sido desmentidas anteriormente

Na ocasião, o presidente apresentou o coronel da reserva como "analista de inteligência". Gomes explicou alguns dos vídeos apresentados —que circulam na internet desde 2018— e afirmou que as urnas eletrônicas precisam de "melhorias".

A apresentação buscou transmitir a mensagem de que é possível fraudar o código-fonte das urnas eletrônicas para computar o voto de um candidato para outro.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e reportagens já mostraram, diversas vezes, que esse tipo de fraude não é possível e que os vídeos que circulam na internet não indicam qualquer tipo de irregularidade ou que alguma urna tenha sido corrompida.

Naquele dia, a corte eleitoral usou as redes sociais para desmentir em tempo real os relatos contra o sistema eleitoral feitos pelo presidente e ainda compilou uma série de links e rebateu 18 alegações apresentadas pelo mandatário durante a live.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news por profusão de mentiras sobre o sistema eletrônico de votação durante a live.

Na decisão, o ministro disse que as condutas do presidente podem configurar 11 crimes, 7 deles previstos no Código Penal, 3 na Lei de Segurança Nacional e 1 no Código Eleitoral. Entre eles estão calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia do crime, associação criminosa e denunciação caluniosa.

Moraes argumentou que Bolsonaro fez “afirmações falsas” e criou narrativas para deslegitimar as instituições e estimular apoiadores a atacá-las não só em relação às urnas eletrônicas.

Dias depois, Moraes abriu uma nova frente de investigação contra o presidente. Ele acolheu notícia-crime apresentada pelo TSE para investigar Bolsonaro por ter supostamente vazado dados sigilosos da Polícia Federal sobre uma invasão hacker ao tribunal em 2018.

O presidente havia feito uma publicação nas redes sociais após entrevista na qual disse que comprovaria supostas fraudes nas urnas eletrônicas. Ele falou a um programa de rádio ao lado do deputado Filipe Barros (PSL-PR).

O voto impresso se transformou em uma das principais bandeiras do bolsonarismo. O presidente tem insistido na mudança, mesmo após a PEC (proposta de emenda à Constituição) sobre o voto impresso ter sido derrotada no plenário da Câmara na semana passada.

Eram necessários 308 votos para a aprovação da PEC, mas só 229 deputados apoiaram a mudança. Outros 218 votaram contra.

Inicialmente, os governistas esperavam uma derrota maior, uma vez que houve mobilização de 11 presidentes de partido contra a PEC. O presidente do PP e líder do centrão, Ciro Nogueira, chegou a assinar uma carta contrária à proposta antes de aceitar o convite de Bolsonaro para assumir a Casa Civil do governo.

Ao fim, o placar foi visto como uma vitória para o Planalto, e acabou por incentivar o presidente a manter a discussão. O voto impresso conseguiu reaglutinar a base bolsonarista, que andava dispersa em meio à CPI da Covid no Senado e indicadores ruins na economia.

Dois dias depois de a proposta ter sido derrotada no Congresso, o TSE anunciou um pacote de medidas para ampliar a transparência da urna eletrônica.

O tribunal decidiu criar uma comissão externa de transparência composta por universidades, entidades da sociedade civil e diversos órgãos públicos, entre eles as Forças Armadas e a Polícia Federal.

No dia, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, disse que, embora o tema tenha ficado "para trás", é importante esclarecer as pessoas de "boa-fé" que consideram que o modelo brasileiro poderia ser mais seguro.

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