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Atos antidemocráticos no PA têm apoio de políticos e empresários, diz relatório da polícia

Participantes e organizadores podem ser multados em R$ 100 mil por hora

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São Paulo

Relatório da Polícia Civil do Pará encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal) aponta para a participação de um vereador e vários ex-vereadores, um procurador municipal, um assessor de deputado federal e inúmeros empresários na organização e financiamento de protestos contestando a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.

O relatório foi enviado na terça (8) ao STF, após determinação do ministro Alexandre de Moraes para que órgãos de investigação nos estados identificassem líderes e financiadores dos atos antidemocráticos que se espalharam pelo país desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), em 30 de outubro.

Moraes estabeleceu que todos os veículos identificados devem levar multa de R$ 100 mil por hora, assim como pessoas que tenham dado apoio logístico, financiado os protestos ou permanecido nas manifestações.

Apoiadores de Jair Bolsonaro fazem ato em Santana, zona norte de São Paulo - Jardiel Carvalho-2.nov.22/Folhapress

O relatório sigiloso, obtido pela Folha, afirma que a polícia acredita haver um movimento organizado para promover os protestos nas imediações do 2º Batalhão de Infantaria de Selva, em Belém, pedindo intervenção militar, intervenção federal e alegando fraudes nas eleições.

Segundo a polícia, foram usados "carros do tipo de transporte de passageiros, além de veículos estilo caminhonete que levavam os participantes na parte traseira."

Além disso, "havia a distribuição de água, camisetas, bandeiras, além de alimentos diversos". Durante a diligência, continua, "só houve uma pessoa que solicitava colaboração para custear o item ofertado, nos demais casos as coisas eram ofertadas gratuitamente".

O relatório também aponta para a existência de tendas, barracas e banheiros. O documento identificou veículos em nome de uma churrascaria e uma distribuidora de água que estavam distribuindo comida aos manifestantes.

Segundo a polícia, uma das pessoas identificadas como líder do movimento, que estava incitando a multidão a contestar o resultado e coordenando os manifestantes com o uso de um microfone, era Sandro Nascimento Ferreira Branco, secretário parlamentar do gabinete do deputado federal Éder Mauro (PL-PA). Mauro é um dos principais apoiadores do presidente Bolsonaro.

Procurado, o deputado afirmou que não influenciou a decisão de Branco de participar e que o funcionário teria dito que não era liderança do movimento, apenas participante.

"Não orientei ou incentivei ele a participar", disse Mauro. "E não me fiz presente em nenhum momento no local onde estava ocorrendo, pois entendo que o movimento é orgânico, do povo que não aceita o resultado da última eleição presidencial, e que, portanto, a participação de um parlamentar não seria bem-vinda no local."

Em diversos bloqueios de estradas no Pará, os policiais identificaram carros e caminhões em nome de empresas, alguns prestando assistência logística.

A polícia indicou que Aurélio Ramos de Oliveira Neto, vereador de Parauapebas conhecido como Aurélio Goiano, teria sido um dos líderes do bloqueio da PA-275, estrada que liga os municípios de Curionópolis e Parauapebas, ao lado de ex-vereadores e um ex-prefeito. Procurado pela Folha por telefone e email, Neto não retornou.

Na interdição da estrada PA-279, na entrada de Ourilândia do Norte, o procurador do município de Ourilândia do Norte, Jhonathan Pablo de Souza Oliveira, seria um dos líderes e estaria prestando assessoria jurídica ao movimento, segundo o relatório. Procurado por celular e mensagem, Jhonathan não retornou.

Em tese, aqueles que participaram de atos com bandeiras golpistas podem responder por crime de incitação à prática criminosa, previsto pelo Código Penal, com pena de detenção de até seis meses ou multa.

A lei do Estado democrático de Direito —sancionada em 2021 para substituir a Lei de Segurança Nacional, da ditadura militar— acrescentou que quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes e instituições também responde pelo crime.

Funcionários públicos que exercem outros cargos podem, eventualmente, responder a processos administrativos por participar de atos contra a democracia.

Manifestações antidemocráticas no estado já acabaram em violência.

Na segunda-feira (7), bolsonaristas atacaram a polícia com pedras e tiros para impedir o desbloqueio do km 312 da BR-163, em Novo Progresso, sudoeste do Pará.

Segundo relatório da polícia paraense, durante tentativa de desocupação da estrada pela Polícia Rodoviária Federal, "houve violento revide dos manifestantes, que chegaram a arremessar pedras e realizar disparos de arma de fogo em direção aos policiais e suas viaturas, sendo algumas danificadas".

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