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Repórter fotográfico é agredido e roubado em manifestação bolsonarista em Belo Horizonte

Profissional fazia cobertura para o jornal Hoje em Dia e levou dois pontos na cabeça

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Belo Horizonte

Um repórter fotográfico de 60 anos, funcionário do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, foi agredido com pancadas na cabeça e roubado enquanto fazia reportagem em manifestação bolsonarista em frente a um quartel na capital mineira nesta quinta-feira (5). A Polícia Civil investiga.

O fotógrafo, que terá o nome preservado, gravou com o celular o momento em que é agredido. O profissional, ao ser notado, tenta deixar o local, mas é perseguido.

"Parou, parou", pede o fotógrafo. Um manifestante grita "parou o quê"? O funcionário do jornal é chamado de ladrão, conforme pode ser ouvido no vídeo.

Fotógrafo é agredido em manifestação antidemocrática em Belo Horizonte - Reprodução/@jornalhojeemdia

O fotógrafo levou dois pontos na cabeça, ficou durante a noite em observação em um hospital da cidade e teve alta na manhã desta sexta (6).

"Passando para dar um alô. Obrigado pelo apoio. Tá tudo bem, apesar de o corpo estar um pouco dolorido e do trauma na cabeça. Levei dois pontos", diz o funcionário do jornal, em vídeo que gravou na noite de quinta, enquanto passava por atendimento médico. A gravação circula em grupos de fotógrafos da cidade.

Em nota, o jornal Hoje em Dia afirma que o fotógrafo havia sido enviado para uma reportagem sobre a manifestação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Comando da 4ª Região Militar no bairro Gutierrez, zona oeste da cidade.

"O profissional registrava a manifestação para uma pauta quando foi cercado por participantes do movimento e agredido, inclusive com golpes na cabeça. A câmera foi roubada, e as lentes, quebradas", diz a nota. "Não há justificativa nenhuma para essa ou qualquer violência. É por isso que reafirmamos nosso compromisso de diariamente mostrar injustiças, defender liberdades e a democracia."

A turba se encontra no local desde a derrota de Bolsonaro para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de 2022.

A Polícia Civil abriu investigação e afirmou ter iniciado buscas aos responsáveis. A Polícia Militar, por sua vez, afirma que esteve em contato com a vítima para levantamento de informações preliminares que possibilitem a identificação dos agressores.

A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) afirma que acompanha com preocupação os recentes ataques a jornalistas por parte de grupos bolsonaristas em todo o Brasil. A entidade computa ao menos seis agressões em seis estados: Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

"Pedimos, ainda, que as autoridades reforcem a vigilância em atos antidemocráticos. Ofício neste sentido foi enviado ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom) para que as providências cabíveis sejam tomadas", diz a federação em nota.

O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais também cobrou a apuração. "A violência contra jornalistas cresce respaldada na impunidade. É preciso que essa violência absurda, seguida de um roubo, seja rigorosamente apurada e punida. Até quando as autoridades vão tolerar atitudes como essa?"

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirma, também por comunicado, que as forças de segurança do estado vão apurar a agressão.

"O Governo de Minas combate todo e qualquer tipo de violência. É inaceitável que profissionais de imprensa sejam intimidados e agredidos durante o exercício de sua profissão."

Nesta sexta (6), a A Guarda Municipal e o setor de fiscalização urbana da Prefeitura de Belo Horizonte retiraram a estrutura do acampamento, e jornalistas voltaram a ser hostilizados durante a operação.

Uma equipe de O Tempo foi agredida após discussão com manifestantes. Um dos bolsonaristas empurrou o cinegrafista, tentando jogar sua câmera no chão. O repórter foi empurrado e recebeu um tapa na nuca, conforme imagens divulgadas pelo jornal. Em seguida é possível ver o repórter da 98 FM também sendo empurrado e jogado no chão.

Segundo a Polícia Civil, até o final da tarde, as vítimas não haviam registrado boletim de ocorrência.

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