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Milton Leite admite conflitos com Nunes e diz que ambiente melhorou 90% após conversa

Dirigente do União Brasil, porém, não garantiu apoio do União Brasil à reeleição do prefeito

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São Paulo

O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), afirmou que o ambiente com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) "melhorou 90%".

"O ambiente melhorou em 90%. Estava péssimo, caminhou, melhorou em 90%", disse à Folha. Ele evitou dizer, porém, se há garantia de que o União Brasil vá apoiar o emedebista em sua tentativa de reeleição.

Milton Leite disse ainda que antes "havia dúvidas, conflitos, secretários que não cumpriram seu papel".

A dupla conversou pessoalmente, na manhã desta sexta-feira (19), pela primeira vez desde o início do mês, quando Leite afirmou à imprensa que a relação com o prefeito estava péssima.

Integrantes do MDB e do União Brasil afirmam que deve, sim, haver um acordo futuro, mas que não será anunciado antes da convenção do partido de Leite, marcada para sábado (20).

Milton Leite, presidente da Câmara, e o prefeito Ricardo Nunes - André Bueno/CMSP/Divulgação

Descontente com Nunes, Milton Leite, que é presidente municipal do União Brasil, vem ameaçando desembarcar da coligação que apoia o emedebista e hoje conta com 10 partidos.

O União Brasil tem a terceira maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda na TV, atrás apenas de PL e PT.

Na noite de quinta-feira (18), o partido aumentou a pressão sobre Nunes ao ameaçar lançar Milton Leite candidato à prefeitura na convenção. Outra opção aventada pelo partido é apoiar Pablo Marçal (PRTB).

Mesmo após a conversa desta sexta, a convenção não deve decidir o rumo do partido na eleição municipal, mas delegar essa decisão para a executiva, controlada por Leite, que terá até 15 de agosto para decidir —prazo do registro de candidaturas.

A relação entre Milton Leite e o prefeito ficou estremecida após pedidos não atendidos, declarações de Nunes que desagradaram o vereador e o fato de o dirigente do União Brasil ter sido preterido na escolha do vice, posto que ficou com o bolsonarista Ricardo Mello Araújo (PL).

O presidente da Câmara Municipal acabou enfraquecido por estar na mira do Ministério Público no contexto da investigação que apura se empresas de ônibus são usadas para lavar dinheiro do PCC.

Nunes afirmou, na noite desta quinta, que não sabia o que motivou as reclamações de Leite e que esperava ter o apoio do partido após a conversa com o vereador. "Vamos conversar para entender o que tem de problema e, sabendo qual é o problema, ver se consegue solucionar", disse.

"Acredito que o União Brasil deva continuar com a gente pela história. Desconheço o que motivaria ele a fazer isso [não apoiar]. É questão de sentar amanhã, olho no olho."

Vereadores e pré-candidatos do União Brasil engrossam as reclamações de Milton Leite em relação ao prefeito, mas veem o impasse com apreensão, uma vez que é incerta a chapa majoritária que irão apoiar.

O União Brasil tem ainda um pré-candidato próprio à prefeitura, o deputado federal Kim Kataguiri (SP). Integrantes da legenda, porém, descartam lançar Kim, o que deve ficar sacramentado na convenção.

As convenções, que devem ser realizadas pelos partidos de 20 de julho a 5 de agosto, são reuniões formais de filiados para escolher seus candidatos e coligações na eleição.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 5 de julho, Nunes aparece na liderança em empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL), com 24% e 23%, respectivamente. Marçal tem 10%, e Kim marca 3%.

Políticos ouvidos pela reportagem afirmam que o dirigente do União Brasil vem fazendo uma série de pleitos ao prefeito, que envolvem cargos e influência na prefeitura, e buscou, sem sucesso, pactuar com Nunes qual seria o espaço do partido em uma futura gestão.

Por outro lado, Milton Leite, conseguiu garantias de que a presidência da Câmara seguirá nas mãos do União Brasil no ano que vem. O acordo foi acertado entre ele e Nunes, com aval de MDB, PL e PP.

Outro fator que esgarçou a relação foi uma declaração do prefeito, depois da articulação de Milton Leite para brecar a greve de ônibus no início do mês.

O vereador havia dito à rádio CBN que Nunes havia pedido que ele prosseguisse com as negociações para buscar uma solução, e que ele, como presidente da Câmara, exercia a função de "vice-prefeito".

O emedebista agradeceu a atuação de Milton Leite, mas negou que a prefeitura tivesse participado da negociação, desautorizando indiretamente a fala do aliado. "Ninguém da prefeitura, ninguém tem procuração minha para poder fazer negociação", disse Nunes.

Em 2023, Milton Leite foi eleito pela quarta vez seguida presidente da Câmara Municipal. Ao longo da gestão de Nunes, a visão de aliados do vereador é de que ele foi fiador do governo aprovando leis de interesse do Executivo e emprestando seu capital político ao prefeito, que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021.

Segundo integrantes do União Brasil, Milton Leite ficou isolado neste ano eleitoral, preterido em negociações por líderes de outros partidos e também por nomes nacionais de sua própria sigla.

O PL de Jair Bolsonaro, que embarcou na pré-campanha de Nunes, passou a ser a principal sigla na coligação do prefeito. A situação também tem a ver com a aproximação entre Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tirou os cargos que Milton Leite havia indicado na administração estadual assim que assumiu e manteve relação distante com o mandachuva do União Brasil.

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