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Marçal recorre a réu homônimo para pressionar Boulos sobre uso de drogas

Assessoria não responde se é com base nesse caso que influenciador acusa candidato do PSOL de usar cocaína

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São Paulo

A campanha do influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, tem usado em seu arsenal para ataques ao rival Guilherme Boulos um processo judicial sobre posse de drogas no qual figura como réu um homônimo do candidato do PSOL.

O influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo - Folhapress

Marçal tem acusado o adversário de ser usuário de cocaína sem apresentar nenhuma prova.

Reiteradas vezes em debates e em publicações nas redes sociais, o autodenominado ex-coach se referiu ao psolista como "aspirador de pó" e fez gestos no nariz antes de se dirigir a ele. Boulos nega a acusação de uso de cocaína, já chamou Marçal de "psicopata" e "mentiroso compulsivo" e foi à Justiça contra ele.

A Folha apurou que esse dossiê de Marçal contra Boulos é uma lista de processos buscados na Justiça apenas com o filtro das palavras-chave "Guilherme" e "Boulos", e não pelo CPF, por exemplo.

O resultado disso é uma listagem sem detalhamento. A maioria das ações é de reintegração de posse (Boulos é ex-líder dos sem-teto) e, em uma delas, o assunto é "posse de drogas para consumo pessoal".

A reportagem obteve a certidão do caso, que ocorreu em 2001, e verificou que quem figura como réu nesse processo sobre drogas nas mãos de Marçal não é Guilherme Castro Boulos, candidato à prefeitura, e sim Guilherme Bardauil Boulos, um empresário que hoje, coincidentemente, disputa uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo pelo Solidariedade.

A Folha procurou a assessoria de imprensa de Marçal para esclarecer se as acusações do candidato têm como base apenas o processo do homônimo, mas não obteve resposta. A assessoria também não compartilhou o número do suposto processo que fundamentaria as acusações do influenciador contra o adversário.

O empresário Guilherme Bardauil Boulos (Solidariedade), candidato a vereador em São Paulo

Guilherme Bardauil Boulos, réu no processo por posse de drogas, disse à reportagem que o caso envolveu maconha, e não cocaína.

"Houve esse incidente quando eu tinha 21 anos e foi um ato imprudente que ocorreu na minha juventude na época de faculdade. Mas isso é coisa do passado, que aconteceu há 23 anos", escreveu ele por mensagem.

"Hoje eu tenho uma família, dois filhos, uma empresa de transporte executivo de que me orgulho muito e sou candidato a vereador pelo Solidariedade para contribuir com uma São Paulo melhor para os cidadãos."

Em sabatina da CNN na tarde desta segunda-feira (26), Marçal voltou a se referir a Boulos como "cheirador de cocaína", disse que tem a prova e que a mostrará no último debate. "Vou provar, ninguém vai me segurar. Já foi preso portando droga, e eu vou mostrar. Está no segredo de Justiça, aguarde que eu estou resolvendo para te mostrar."

O processo em que Bardauil Boulos figura como réu está em segredo de Justiça e foi tipificado como posse de drogas para consumo pessoal.

O Ministério Público ofereceu a denúncia naquele ano, mas o processo foi extinto em 2006, com base no artigo 89 da lei 9.099/95.

O artigo prevê que, nos crimes em que a pena mínima for igual ou inferior a um ano, a Promotoria, ao oferecer a denúncia, pode propor a suspensão do processo por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime. Passado esse período sem revogação, o juiz extingue a punibilidade.

Na certidão do processo consta o nome completo de Bardauil Boulos, o número de seu documento, data de nascimento e nome dos pais.

Nesta segunda, à CNN, Marçal afirmou ainda, sobre o psolista: "E não adianta vir com fabulazinha de: ‘Minha filha tá chorando’. Ela vai chorar duas vezes quando descobrir que você realmente é um mentiroso, um drogado, e não faz o exame toxicológico porque vai sair no exame".

Em entrevista na noite de segunda ao programa Roda Viva, Boulos chorou ao falar sobre o tema e disse que nunca usou a droga. Ele voltou a dizer que sua filha chorou por ouvir comentários na escola sobre a acusação.

"Minha filha chega, chora, como que fica? Olha o nível que chega, olha o esgoto que chega", afirmou o deputado. "Quando mexe com sua família, com quem você mais ama na vida, com criança, aí te faz perder o prumo."

Marçal levantou a acusação pela primeira vez no início de agosto, na convenção que oficializou sua candidatura. Na ocasião, ele disse que dois de seus adversários eram usuários de drogas, mas que só tinha provas a respeito de um. O influenciador afirmou ainda que tinha o registro de uma internação, mas nunca apresentou o documento, assim como não mostrou o processo no qual, segundo ele, Boulos seria réu.

O Tribunal Regional Eleitoral concedeu ao psolista direito de resposta nas redes sociais de Marçal diante da acusação sem provas de uso de drogas. A Justiça entendeu que "as imputações extrapolam os limites da liberdade de expressão e do debate político e configuram unicamente ofensas à honra".

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