Siga a folha

Descrição de chapéu Eleições 2024 São Paulo

Tabata aumenta tom nas redes e tenta surfar em 'efeito Marçal'

Candidata do PSB monta estratégia de 'uma proposta e uma pancada', mas poupa Datena em embates

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Sem conseguir decolar nas pesquisas de intenção de voto até agora, Tabata Amaral (PSB) aumentou o tom nas redes sociais contra o oponente Pablo Marçal (PRTB) e deverá apostar daqui para a frente em conteúdos mais combativos de denúncia contra outros candidatos à Prefeitura de São Paulo.

Em peça de campanha divulgada na noite desta quinta-feira (22), a candidata aponta as ligações de aliados do autodenominado ex-coach ao tráfico de drogas e ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

A diretriz é se preparar para apresentar sempre "uma proposta e uma pancada".

"É uma campanha de oposição, é natural que haja conteúdos de problemas da gestão de outros candidato", diz o marqueteiro Pedro Simões.

A candidata Tabata Amaral (PSB) na entrada do debate que aconteceu na Faap e foi promovido pelo Estado de S Paulo - Folhapress

Além marcar uma posição de combate aos adversários nas redes, Tabata enfrenta outros desafios na campanha: aumentar o nível reconhecimento que está em 61% e demonstrar que o eleitor deve acreditar na crescente da campanha dela.

A equipe nota ser comum que eleitores admitam que ela é uma candidata preparada, mas acreditam que não tenha chance, uma vez que figura numericamente na quinta posição nas pesquisas de intenção de voto —com 8% na pesquisa Datafolha desta semana.

Assim como demonstrou nas redes contra Marçal, em debates ela se apresenta como uma candidata com propostas, mas não deixa de cutucar os adversários —com exceção do jornalista José Luiz Datena (PSDB), com quem busca um possível apoio no caso de uma eventual desistência ou segundo turno.

A tentativa da equipe da deputada é que ela ganhe conhecimento nas próximas semanas e comece a angariar votos apenas no final da campanha.

Pessoas próximas de Tabata dizem acreditar que o efeito Pablo Marçal (PRTB) nas redes sociais pode adiantar o plano. Isso porque o autodenominado ex-coach, apesar de criticar duramente a candidata em campanha, consegue atrair atenção para debates, gera curiosidade e visualização nas redes sociais.

Entre as agressões à deputada federal, ele já a chamou de "para-choque de comunista", alega que ela só consegue se dedicar à campanha porque não tem marido e nem filhos e a responsabilizou a família dela pela morte do pai.

A campanha de Tabata avalia que o autodenominado ex-coach é nocivo para o embate político e visto como um candidato que calcula as ofensas a Tabata para atingir um eleitorado que odeia mulheres.

"É como se ele dissesse [aos eleitores], ‘se você odeia mulheres, o candidato sou eu’. Isso tem um efeito entre homens jovens e conservadores. Neste cenário, Tabata aparece como uma antagonista natural dele e os embates jogam mais luz a ela", avalia Simões.

O marqueteiro calcula que as redes sociais de Tabata contam com até 60% de comentários negativos, mas, quando excluídas as ofensas de eleitores de Marçal, o número cai para cerca 35%. "Isso não é necessariamente ruim, no cenário da internet gera relevância e chama atenção para ela também. Para o eleitor que vê de fora, fica nítida a presença de um candidato histriônico e outro adequado."

Apesar da discussão de propostas ser o objetivo principal dos debates, são as polêmicas e provocações entre adversários que viralizam e atraem a atenção do público.

Tabata gosta de se preparar para os debates em simulações em que a equipe interpreta os adversários da candidata. Nesses momentos, surgem diferentes perguntas e provocações que podem aparecer nos embates.

O marqueteiro diz que ela prefere fazer duas rodadas de preparação às vésperas dos debates. Simões define a candidata como combativa. "Achar que as pessoas querem assistir a debates para ouvir proposta é uma ficção. Não ganha o Big Brother o cara bonzinho. Se não [tem provocação] entra no xadrez de pergunta pronta que não chega a lugar nenhum", diz o marqueteiro.

Ele compara a estratégia como semelhante à lógica das redes sociais. "Se incluirmos um vídeo só com propostas, não vai ter visualização", afirma.

Entre as cutucadas que a candidata já levantou desde o início dos debates está a sugestão do slogan "Rouba e Não Faz" para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que entrou na Justiça e solicitou direito de resposta nos posts em que ela replicou o irônico slogan.

A solicitação foi aceita. Para a juíza Claudia Barrichello, a fala de Tabata "extrapola os limites da liberdade de expressão e do debate político e configura unicamente ofensa à honra do candidato autor" e é enquadrada no crime de "veiculação de mensagem injuriosa".

Além de Nunes, Marçal também já foi alvo das críticas da deputada federal, que buscou associar o candidato ao ex-prefeito e ex-governador João Doria, ao mencionar nomes da equipe do candidato do PRTB que foram secretários do ex-tucano.

"Até a calça dele [Marçal] já está mais apertadinha", disse ela, referindo-se ao apelido "calça apertada" que Doria ganhou de seus detratores.

Aceno a Datena

A relação da candidata com o jornalista José Luiz Datena passou por altos e baixos desde o início da pré-campanha. Isso porque ela incentivou o apresentador a se filiar ao PSDB para tê-lo como candidato a vice em sua chapa. Porém ele acabou sendo escolhido como candidato do partido.

Após a turbulência, ambos dizem que o assunto já foi superado e teceram elogios um ao outro em entrevistas.

Para a CNN Brasil, o jornalista chamou a deputada federal de "menina brilhante" e disse acreditar que ela tem um grande futuro na política. Já Tabata afirmou ao Roda Viva, da TV Cultura, que vê identificações entre a sua história e a do Datena. "Ele vem para a eleição porque ele quer fazer a diferença."

O pleito municipal dividiu a militância do PSDB em São Paulo em praticamente três blocos: os que apoiam Datena; aqueles que seguiram com Nunes; e os que resolveram apostar em Tabata.

Lideranças do partido, hoje, não vislumbram hipótese de retroceder e apoiar Nunes no eventual segundo turno —caso Datena caía fora. Presidente do PSDB em São Paulo, José Aníbal já chegou a dizer que a aliança de Nunes com Jair Bolsonaro (PL) constrangia o seu partido.

Já Datena antecipou que não pretende apoiar nenhum candidato no segundo turno, embora rasgue elogios a Tabata. "Mas eu a elogio porque gosto dela de verdade", diz o comunicador.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas