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Descrição de chapéu feriados

Em Fernando de Noronha, paisagem deslumbrante compensa perrengues

Viagem para o arquipélago é cara, mas dá para economizar se houver planejamento

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Fernando de Noronha (PE)

No meio do caminho tinha não uma, mas tantas pedras que um escorregão poderia acabar com a viagem. Tinha tubarões, e uma bobeada no mar poderia causar uma tragédia.

Mas também tinha paredões rochosos imponentes, águas cristalinas, golfinhos saltitantes, peixes de todas as cores e tudo o que a natureza tem de mais encantador.

Viajar a Fernando de Noronha é assim —perrengue atrás de perrengue que, se levados a cabo, oferecem experiências capazes de deixar qualquer um boquiaberto. Até quem coleciona passaportes lotados de carimbos.

Praia do Boldró, em Fernando de Noronha (SP) - Bruno Lima/Divulgação

Prova disso é que a praia do Sancho, a principal do arquipélago, acaba de ser eleita a melhor do mundo pelos usuários do TripAdvisor, o maior site de viagens da internet. O problema é que Noronha não é o destino mais adequado para crianças, idosos ou pessoas com deficiência.

Para chegar a qualquer praia, há uma penitência —e quanto maior ela for, maior será a recompensa.

Para se banhar no Sancho, por exemplo, é preciso caminhar meio quilômetro e descer um penhasco com 208 degraus, parte deles incrustados no meio de um paredão de rochas —o que pode impedir a passagem de uma pessoa obesa ou claustrofóbica.

Vencida a provação, porém, a paisagem, já deslumbrante vista de cima, ganha contornos ainda mais surpreendentes, com um mar de uma diversidade incomparável de peixes, tartarugas e arraias.

A experiência é parecida nas demais praias, sobretudo as do Parque Nacional Marinho, que compreende a maior parte das que são banhadas pelo mar de Dentro, como é conhecido a parte do oceano voltada ao continente sul-americano, que sofre menos influência dos ventos e tem águas mais calmas e mais claras do que as do mar de Fora, voltado para a África.

Para ter acesso ao Parque Nacional Marinho, aliás, é preciso desembolsar R$ 179. Isso permite a entrada nas praias do Atalaia, da Caieira e do Leão, além da baía do Sueste, dos Porcos e dos Golfinhos —isto é, as regiões mais famosas e mais bonitas, onde o acesso ainda é condicionado a algumas regras, como a proibição de bebidas alcoólicas e do uso de drones.

O ingresso não tem relação com a taxa de preservação ambiental da ilha, a TPA, de R$ 92 ao dia. Ambos podem ser pagos tanto via internet quanto na ilha, o que não é indicado para quem não quer perder tempo em filas.

Tempo, afinal, é dinheiro. Em Noronha, mais ainda. Mas é possível economizar.

As boas pousadas da ilha têm diárias de R$ 1.000 a R$ 3.000 para um casal. Uma boa alternativa para quem está viajando em família ou entre amigos é alugar uma casa. As diária são semelhantes, mas cabem mais pessoas.

Dá também para cozinhar em casa. O preço das mercearias é o dobro de um supermercado do continente, mas ainda assim a conta fica muito mais barata do que comer em restaurantes ou padarias.
Para não deixar de conhecer a gastronomia local, é possível mesclar um almoço mais simples e rápido feito em casa com um jantar mais elaborado fora e vice-versa.

Praia da Conceição, em Fernando de Noronha (PE) - Bruno Lima/Divulgação

Além dos restaurantes de maior renome, como o Xica da Silva, uma boa opção para comer frutos do mar é o Cacimba Bistrô, que batiza seus pratos com alguma cafonice em homenagem aos globais.

Também é possível preparar lanches para levar aos passeios. Não só para economizar, mas porque a maioria das praias não tem comércio.

As que têm são boas para almoçar com a vista do mar ou assistir ao pôr do sol com um drinque em mãos.
Os preços podem assustar. Um dos mais tradicionais, o Bar do Meio, é conhecido como bar do euro. Uma long neck ali sai por R$ 20, enquanto um prato à la carte para dois vai de R$ 150 a R$ 200. A dica é levar dinheiro, porque o sinal de internet falha muito.

Não é muito mais caro, verdade seja dita, do que se paga em São Paulo ou em praias mais desejadas do Nordeste, como Porto de Galinhas (PE). A diferença é que os produtos só chegam até lá de barco.

Os passeios tampouco são muito mais caros do que noutras praias do Nordeste. Essencial para conhecer a ilha toda de maneira mais rápida antes de escolher quais pontos explorar com calma, o Ilha Tour custa R$ 250 por pessoa.

É o mesmo valor do tour de barco pelo mar de Dentro, que oferece uma vista panorâmica das praias entre os golfinhos.

Os passeios, aliás, precisam ser agendados com antecedência. Enquanto o Ilha Tour deve ser feito no primeiro dia de viagem, de preferência com sol, para as fotos saírem bonitas, o de barco precisa ser agendado para um dia em que o mar esteja mais calmo.

Quem não gosta de mar agitado, aliás, precisa ir a Noronha na alta temporada, entre agosto e outubro. Tudo pode ficar mais caro, mas nos outros meses a ilha é atingida por ventos fortes, num
fenômeno chamado "swell".

As ondas podem ficar tão altas, que algumas praias se tornam impróprias para banho, o que também impossibilita a realização de passeios como o mergulho de cilindro.

Praia do Boldró, em Fernando de Noronha (PE) - Bruno Lima/Divulgação

Caso o leitor não possa viajar noutra época ou tenha marcado a viagem sem saber do "swell", como fez este repórter, não há motivo para pânico. A ilha seguirá tão bela como sempre. Se não der para tomar um banho de mar num dia ou no outro, paciência.

Afinal, não só a maré pode ser um impeditivo ali. Os tubarões, constantes no arquipélago, afugentam os turistas. Eles são mais frequentes em algumas regiões —caso da baía do Sueste, interditada para banho devido a um incidente há um ano—, mas é possível avistá-los em qualquer praia.

Mesmo que os ataques sejam raros, nenhum turista quer se arriscar a, com a água nas canelas, avistar
um berçário de tubarões.

Noronha é, assim, a prova de que, frente à natureza em seu estado bruto, não somos nem temos controle sobre nada. Por mais clichê que possa soar, ali, só a possibilidade de contemplar uma
das paisagens mais belas do planeta já é recompensador.

Mirante dos Dois Irmãos, em Fernando de Noronha (PE) - Bruno Lima/Divulgação

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