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Saiba quais são os melhores restaurantes de Buenos Aires de acordo com diplomata

Brasileiro Hayle Melim Gadelha discordou de guias feitos por Michelin e 50 Best e decidiu fazer sua própria lista

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São Paulo

Quando os guias Michelin e 50 Best publicaram suas listas com as escolhas dos melhores restaurantes de Buenos Aires, no final de 2023, o diplomata brasileiro Hayle Melim Gadelha, pesquisador do uso da gastronomia como ferramenta de soft power, preparou um pequeno guia alternativo para amigos, incluindo o que acha imperdível e o que acha sobrevalorizado.

"As listas são boas referências, mas estão longe de serem completas ou imparciais. Faltaram alguns que mereciam destaque, e entraram outros que não valiam tanta atenção", diz, em entrevista à Folha.

Nos dois anos em que morou na capital da Argentina, Gadelha conheceu a cena portenha de restaurantes. Frequentou regularmente o premiado Don Julio, por exemplo, mas conseguiu ir além das carnes, visitando também lugares pequenos e populares localmente, menos famosos entre turistas.

Equipe trabalha na churrasqueira do Don Julio, em Buenos Aires, na Argentina
Equipe trabalha na churrasqueira do Don Julio, em Buenos Aires, na Argentina - Divulgação

"Sempre gostei de culinária, e fiquei na cidade um período de câmbio muito favorável, então foi possível aproveitar os tempos recentes de comida excelente e acessível, se considerados os preços internacionais". "A inflação galopante e a crise econômica conviveram com um boom de restaurantes e bares".

Durante seu segundo ano na cidade, Gadelha foi adido cultural do Brasil na Argentina e trabalhou mais próximo de restaurantes na tentativa de aproximar a cultura gastronômica dos dois países. "Sempre acreditei que a comida era um instrumento de intercâmbio cultural importante. Para se integrar no tecido social do outro país, é preciso entender sua comida e a relação das pessoas com a comida", diz.

Enquanto muitos turistas brasileiros vão a Buenos Aires e Mendoza para visitar seus restaurantes, a rica cozinha brasileira ainda é pouco conhecida dos argentinos. Ele atuou para levar chefs e bartenders brasileiros para apresentar seu trabalho aos argentinos, o que o fez conhecer ainda melhor a cena culinária local.

Mesa do restaurante argentino Don Julio, em Buenos Aires, um dos favoritos ao primeiro lugar do 50 Best América Latina em 2023
Mesa do restaurante argentino Don Julio, em Buenos Aires, um dos favoritos ao primeiro lugar do 50 Best América Latina em 2023 - Divulgação

Gadelha dividiu as recomendações dos guias entre "memoráveis" e "valem a visita", além de apontar endereços que acha que não deixam marcas nos comensais.

Entre os melhores, ele diz que o Don Julio realmente merece a popularidade que tem, mas opina que a carne nas parrillas de bairro, como o Don Jorge, e nos chamados bodegones não deixam nada a dever e cita o Corte Comedor e o Elena como outros dois memoráveis na comida mais típica da Argentina.

"Nem só de molleja e entraña, vive-se na Argentina", defende. "Entre os mais interessantes que conheci, está o Gran Dabbang, restaurante pequeno e simples que mescla as cozinhas asiática, especialmente indiana, e árabe", diz. "É excepcional, e ninguém entendeu porque não entrou no Michelin."

Entre os sobrevalorizados, ele destaca o Aramburu, que recebeu duas estrelas Michelin. Também não acha justificada a classificação do El Preferido de Palermo no 17º lugar entre os melhores da América Latina. "Fazem filas enormes para comer milanesas. Não faz sentido", avalia.

De volta a Brasília, ele diz que vai sentir falta da variedade e da qualidade dos restaurantes portenhos, mas vai poder reencontrar-se com a comida do Brasil, especialmente as do norte e do nordeste do país, suas favoritas.

"Também fazia falta em Buenos Aires a comida japonesa. Apesar de ter muito mar, o foco dos argentinos é muito mais em carne do que em peixe de forma geral, então a média dos japoneses deixava muito a desejar", diz. Além disso, teve saudades da pizza em estilo brasileiro. "A pizza de que eles gostam tem 10cm de queijo, nenhum paulista entenderia", diz.

Agora que vai passar a ir a Buenos Aires como turista novamente, Gadelha desenha um roteiro ideal de um fim de semana gastronômico na cidade. A programação começaria com café da manhã no Narda Comedor ("uma verdadeira homenagem à comida, com cardápio intenso e balanceado"), almoço no já citado Don Julio e jantar no Anchoíta, que diz ter os melhores bar e queijaria da cidade.

No segundo dia, faria desjejum no Marti ("um brunch vegetariano"), almoço no Sarkis ("armênio popular e informal") e um jantar final no Gran Dabbang.

Restaurante Mengano, em Buenos Aires, faz releitura de comidas de boteco clássicas argentinas
Restaurante Mengano, em Buenos Aires, faz releitura de comidas de boteco clássicas argentinas - Gabriela Di Bella/Folhapress

Veja abaixo o guia alternativo dos melhores restaurantes de Buenos Aires pelo diplomata:

Restaurantes memoráveis

Don Julio
Gran Dabbang
Anchoíta
Mercado de Liniers
Narda Comedor
Niño Gordo
Corte Comedor
Trescha
Na Num
Ácido
Alo´s
Elena
Fervor
Kona
Mishiguene
Anafe
Casa Cavia
Chuí

Valem a visita

Reliquia
Buri Omakase
Aramburu
Uni Omakase
4ta Pared
Ajo Negro- Mar de tapas
Picarón
Mengano
Raggio Osteria
Restó Sca
Franca
Sacro
Fogón Asado
Julia
Piedra Pasillo al Fondo
La Carnicería
A Fuego Fuerte
La Alacena Trattoria

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