Siga a folha

Sala São Paulo: como dois arquitetos projetaram uma das melhores salas de concerto do mundo

José Augusto Nepomuceno e Nelson Dupré explicam o projeto que completa 25 anos em 2024

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Quem caminha hoje pelos suntuosos saguões da Sala São Paulo certamente não se lembra que, por muito tempo, aquela icônica estação terminal da antiga Estrada de Ferro Sorocabana foi um simples espaço de eventos e, nos piores dias, um lugar abandonado. No final dos anos 90, a Secretaria Estadual de Cultura, que herdara o edifício da CPTM, o transformou, em apenas dois anos, em uma das melhores salas de concertos do mundo.

Responsáveis pela façanha, os arquitetos Nelson Dupré e José Augusto Nepomuceno contam à Folha detalhes desse processo, que demandou inventividade dos profissionais, colocou em práticas soluções pioneiras (como a laje suspensa e forro móvel que permite "afinar" a sala de acordo com cada apresentação) e redefiniu os padrões de qualidade de salas de espetáculos no mundo todo.

"Até então, a gente vinha num protocolo muito antigo, em que uma equipe projetava a sala e depois chamava o cara da acústica para fazer o forro, botar um painelzinho... Um papel absolutamente coadjuvante", explica José Augusto Nepomuceno, arquiteto acústico, que participou da elaboração do projeto desde o primeiro dia.

"A Sala São Paulo muda essa lógica porque ela serve à orquestra, que deveria ser escutada pela plateia em sua excelência", explica Nepomuceno. "Depois daqui, se abriu um território para uma outra forma de projetar espaços de escuta sensível."

Responsável pelo projeto arquitetônico da Sala, Nelson Dupré explica que, para transformar o antigo jardim de inverno de uma estação de trem e uma sala de concertos, foi preciso isolá-la do exterior para que som dos trens não invadisse a sala.

"Foi preciso isolar o piso, as laterais e até o teto. Por isso, toda a sala está apenas sobreposta sobre a estrutura do prédio, apoiadas em discos de neoprene que mantém essas ondas de baixa frequência emitida pelos trens fora da Sala", diz Dupré, que ao longo das obras teve de ser firme nas negociações com o governo estadual da época, para que a Sala saísse do papel exatamente como o seu projeto previa.

"Em um dado momento, as mudanças eram tantas que começaram a descaracterizar o projeto, distanciando ele daquilo que eu tinha originalmente como o grande conceito. E isso dava, evidentemente, algumas brigas por aqui, mas eu dizia: 'vocês licitaram a obra, vocês sabiam o que estavam fazendo, eu não vou mudar'", relembra Dupré. "Eu não não deixava mudar absolutamente nada."

Em 9 de julho de 2024, a Sala São Paulo comemora 25 anos de atividade. O ano também marca os 70 anos da Osesp e os 30 anos do Coro da orquestra.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas