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1969: Atriz e cantora americana Judy Garland, 47, é encontrada morta dentro de casa, em Londres

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Judy Garland e Liza Minelli em foto sem data
Judy Garland e Liza Minelli em foto sem data - Divulgação
São Paulo

O mundo perdeu Judy Garland. A atriz foi encontrada morta neste domingo (22), em sua casa, em Londres. A Scotland Yard informa que, segundo os primeiros resultados da autópsia —ainda incompleta—, a cantora americana morreu por ter ingerido dose muito alta de pílulas. 

Amigos da cantora disseram que ela estava com a aparência muito cansada no sábado (21), numa festa a que foi Mickey Deans, com quem estava casada havia três meses. O corpo de Garland foi encontrado por Deans, que é dono de discotecas e boates e 12 anos mais novo que ela, no domingo de manhã, no banheiro da casa. 

O médico Philip Lebon, de Londres, disse que a atriz sofria de cirrose hepática havia oito anos e que estava admirado como ela conseguiu viver tanto tempo: “Ela estava vivendo uma vida emprestada. Como conseguiu ficar viva tanto tempo eu não sei.”

Filha dos artistas de teatro Francis Avent Gumm e Ethel Marion Milne, Judy Garland foi a mais célebre das meninas prodígio nascidas nos estúdios de Hollywood. Atuando no cinema desde a metade da década de 30, ela, cujo nome de batismo é Frances Ethel Gumm, eternizou seu nome quando interpretou a personagem Dorothy Gale, no filme “O Mágico de Oz” (1939).

Cena do filme "O Mágico de Oz" (1939), com direção de Victor Flemming, estrelando Judy Garland (sapato vermelho). - Divulgação


Nascida no Minnesota, em 10 de junho de 1922, a atriz era dona de voz incomum e de um domínio de cena admirável. Em 1940, ela encenou seu primeiro filme adulto, “Little Nellie Kelly”. Em 1944, atuou no musical “Meet me in St. Louise”, um dos seus maiores sucessos na MGM. 

À parte seu estrondoso sucesso nas artes —foram mais de 30 filmes e cerca de 15 espetáculos, além de séries e talk shows na TV—, ela teve uma vida bastante agitada, marcada por cinco casamentos, distúrbios nervosos, conflitos familiares, batalhas judiciais e tentativas de suicídio. 
Na medida em que as crises cresciam, sua carreira como atriz declinava. Mesmo assim, a voz dela, sempre que pegava num microfone para cantar, fazia renascer a pequena Judy dos velhos musicais da Metro, comovendo plateias.

Em 1954, na luta contra doença alérgica, começou a tomar pílulas para combater a tendência em engordar. À época, foi-lhe dado o papel principal no filme “Nasce uma Estrela”, outro êxito mundial. Mas logo se envolveu em escândalos conjugais —Judy perdeu a guarda de dois filhos para o então marido Sid Luft, com quem foi casada por 13 anos. 

Em janeiro de 1969, sem se afastar dos palcos, a atriz e cantora fez temporada na boate The Talk of the Town, de Londres, onde foi vaiada logo na estreia por se atrasar.

Enquanto os especialistas da Yard trabalhavam na autópsia, no necrotério do cinzento e vitoriano edifício do Westminster Hospital, perto do Big Ben e do Parlamento, uma admiradora solitária da artista seguia na chuva, diante da casa da atriz, resmungando notas de “Over the Rainbow”.

“Fui uma das maiores admiradoras de Judy”, disse Anne Whitfield. “Também sou cantora e canto todas as músicas de Judy, mas nunca serei igual a ela. Foi uma tragédia terrível.”

Judy Garland morreu aos 47 anos e deixa os filhos Lorna, 12, Joseph, 13, e Liza Minnelli, 23 e filha do casamento com o cineasta Vincente Minnelli.

Primeira página da Folha de S.Paulo de 23 de junho de 1969
Primeira página da Folha de S.Paulo de 23 de junho de 1969 - Folhapress
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