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Adolescentes presos por linchamento de palestino causam choque em Israel
GUILA FLINT
DE TEL AVIV PARA A BBC BRASIL
O linchamento de um jovem palestino no centro de Jerusalém e a indiferença mostrada por um dos suspeitos, um dos quatro adolescentes israelenses entre 13 e 15 anos, deixaram estupefatos setores da sociedade de Israel.
Na última sexta feira, dezenas de adolescentes israelenses --incluindo meninas e meninos --estiveram envolvidos em uma tentativa de linchamento de quatro jovens palestinos que passavam pela rua Yaffo, no centro de Jerusalém.
Um dos palestinos quase morreu. Um dos suspeitos, um menino de 15 anos cuja identidade não foi revelada, disse nesta segunda feira aos jornalistas que estavam na Corte que "por mim, é melhor que morra", em referência ao ferido.
De acordo com a policia, o conflito se deu quando dezenas de adolescentes começaram a correr atrás dos jovens palestinos gritando "morte aos árabes" e outros xingamentos de conteúdo racista.
Não há precedentes na história de Israel de crimes tão graves, motivados por ódio étnico, e cometidos por pessoas tão jovens.
Um dos palestinos, Jamal Julani, de 17 anos, ficou em estado critico depois de receber socos e chutes na cabeça, chegou a sofrer parada cardíaca e foi ressucitado pela equipe de salvamento que chegou ao local do crime.
MENORES DE IDADE
Nesta segunda feira os suspeitos foram levados à Corte de Jerusalem e o juíz determinou a prolongação da detenção, apesar de serem menores de idade.
Segundo a policia, mais adolescentes que estiveram envolvidos no incidente deverão ser presos em breve.
A policia também afirma que uma das meninas do grupo incitou os garotos a agredirem os jovens palestinos.
O representante da policia na Corte, Shmuel Shenhav, disse que "foi um verdadeiro linchamento, o ferido perdeu a consciência e já era considerado morto, até a chegada dos paramédicos que realizaram a ressuscitação. Trata-se de um crime muito grave que, só por um milagre, não terminou em morte".
A policia também mencionou que dezenas de transeuntes foram testemunhas da agressão e não interviram.
EDUCAÇÃO RACISTA
A deputada Zahava Galon, do partido social-democrata Meretz, disse que o crime cometido pelos adolescentes é "chocante".
Em entrevista à radio Kol Israel, a deputada atribuiu a responsabilidade ao sistema judiciário que, segundo ela, "não trata de maneira suficientemente enérgica aqueles que incitam o ódio na sociedade israelense".
Para a pedagoga Nurit Peled Elhanan, da Universidade Hebraica de Jerusalem, o comportamento dos adolescentes envolvidos na tentativa de linchamento é "resultado direto da educação que recebem tanto nas escolas como de seus pais".
Em entrevista à BBC Brasil, a pedagoga afirmou que "o sistema de Educação de Israel ensina as crianças a odiarem os árabes em geral e palestinos em particular".
"As crianças são ensinadas, tanto pelas escolas, como por seus pais, que todos os árabes querem matá-las, e crescem sem desenvolver qualquer sentimento de empatia humana com eles", disse.
"Daí, até a agressão fisica, a distância não é grande, e agora estamos vendo os frutos da educação que essas crianças recebem", acrescentou Elhanan.
O vice-primeiro-ministro Moshe Yaalon classificou a tentativa de linchamento como "terrorismo".
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