Especial reúne matérias de Ricardo Bonalume Neto um ano após sua morte

Jornalista tinha gosto por arqueologia, biotecnologia, teoria da evolução e temas militares

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São Paulo

Um ano após a morte do jornalista Ricardo Bonalume Neto, aos 57 anos, a Folha reúne online 42 de seus textos publicados.

Nascido em 5 de setembro de 1960 em São Paulo, cidade onde sempre morou, Bonalume, ou Bona, como era conhecido, colaborou para a Folha de 1985 até o ano de sua morte, em 2018. 

 
Ricardo Bonalume em sua casa, em São Paulo, olha para cima
Ricardo Bonalume em sua casa, em São Paulo - Maria do Carmo/Folha Imagem

O repórter era especialista em ciência e temas militares. Mas gostava especialmente de arqueologia, biotecnologia e a teoria da evolução. 

Pegou gosto em escrever reportagens sobre malária —dizia que era sua doença predileta— depois de ter ido ao antigo Zaire, atual Congo, para a cobertura da queda do ditador Mobutu em 1997. 

Ficou em Kinshasa, a capital do país, nos momentos de tensão com o avanço dos rebeldes de Laurent Kabila, que chegavam do leste. Testemunhou o momento histórico da fuga do ditador.

O humor ácido e irônico, o jeito brincalhão e a rabugice marcaram um personagem considerado folclórico por colegas com quem conviveu na Redação do jornal. 

Gostava de textos e assuntos bem humorados, e sempre dava um jeito de se divertir trabalhando. Exemplos não faltam. 

Escreveu, em 1994, sobre um artigo científico que ensinava como soltar o pênis do zíper —a solução é cortar o fecho do zíper ao meio através da barra que une as duas metades. “Parece piada de mau gosto, mas não deixa de ser um problema de saúde pública”, iniciava o texto. 

Outro texto, agora de 2005, contava sobre um laboratório militar americano que sugeriu o desenvolvimento de uma substância química capaz de produzir no inimigo intenso desejo sexual, de preferência homossexual, e com isso debilitar o combatente.

“O sistema de pesquisa e desenvolvimento militar americano é um organismo inchado, de onde surgem propostas tanto revolucionárias como alucinadas”, escreveu Bona. 

Também adorava artigos sobre gatos e cachorros e suas relações com os humanos, como em sua matéria de 2017 na qual conta como guerras e rotas comerciais espalharam os felinos pelo mundo.

“É difícil achar um animal mais belo que um felino, seja ele um tigre, leão, onça, ou o pequeno Felis catus, o gato doméstico”, escreveu.

O “velho repórter”, como Bonalume se referia a si mesmo, foi o vencedor do Prêmio José Reis, um reconhecimento por contribuições ao jornalismo científico nacional, em 1990.

Era também um dos maiores especialistas em assuntos militares do país. Em junho de 2017, foi condecorado com a Ordem do Mérito Naval, grau de cavaleiro.

Veja a página especial.

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