Saiba mais sobre os tripulantes da primeira missão espacial formada inteiramente por civis

Inspiration4, da SpaceX, leva à órbita da Terra um bilionário, uma professora, uma assistente médica e um engenheiro

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Reuters

Os quatro civis que compõem a equipe da missão Inspiration4 estão fazendo história a bordo da nave da SpaceX. É o primeiro voo espacial turístico civil, sem a presença de astronautas profissionais, que orbita o planeta Terra.

A nave da tripulação decolou com sucesso do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), na noite de quarta-feira (15). O retorno está programado para a noite deste sábado (18), por volta das 20h (horário de Brasília).

Quatro pessoas vestindo camisetas pretas sorriem dentro de uma nave com paredes brancas
Da esq. para a dir., Jared Isaacman, Hayley Arceneaux, Christopher Sembroski e Sian Proctor em órbita, a bordo a cápsula Crew Dragon, da SpaceX - Inspiration4/Divulgação/AFP

Ao longo de três dias, os quatro passageiros orbitam o planeta dentro de uma cápsula, mais distantes do que a Estação Espacial Internacional e o telescópio Hubble (veja as primeiras fotos que eles tiraram no espaço).

Além da tripulação 100% civil, a missão chama a atenção por ser mais complexa do que as outras iniciativas de turismo espacial feitas até agora, que duraram pouquíssimo tempo.

Essas missões, realizadas em julho pela Virgin Galactic, empresa de Richard Branson, e pela Blue Origin, de Jeffrey Bezos, foram voos suborbitais, enquanto a Inspiration4 é um voo orbital, o que acrescenta maior complexidade técnica.

Os quatro civis completam uma volta ao redor da Terra, a uma velocidade de cerca de 22 vezes a do som, a cada 90 minutos.

A equipe é composta de um executivo bilionário de uma empresa de comércio na internet, que é também piloto de jatos; uma geocientista que chegou a ser finalista em um programa de candidatos a astronautas da Nasa; uma assistente médica de um hospital infantil de câncer onde ela foi paciente no passado; e um engenheiro de dados aeroespaciais e veterano da Força Aérea americana.

JARED ISAACMAN, 38, COMANDANTE DA MISSÃO
Idealizador e benfeitor bilionário do projeto Inspiration4, Isaacman pagou um valor alto e não revelado —segundo a revista Time, teria sido algo em torno de US$200 milhões— por quatro lugares a bordo da cápsula Crew Dragon, da SpaceX.

Entusiasta da aviação que foi piloto no esquadrão de jatos de acrobacias aéreas Black Diamond e cofundou uma força aérea particular de caças para treinamentos militares, chamada Draken International, Isaacman ganhou sua fortuna com comércio eletrônico.

Ele converteu o negócio que fundou quando era adolescente, sediado no subsolo da casa de sua família, em uma das maiores empresas americanas de transações financeiras, a Shift4 Payments Inc.

SIAN PROCTOR, 51, PILOTO DA MISSÃO
Professora de geociências no South Mountain Community College, em Phoenix, com doutorado em educação científica, Proctor sempre teve paixão pela exploração espacial.

Ela nasceu em Guam, onde seu pai trabalhou para uma estação de rastreamento da Nasa durante as missões lunares Apollo.

Piloto licenciada e major da Patrulha Aérea Civil do Arizona, ela completou quatro projetos de astronáutica “analógica” envolvendo atividades espaciais simuladas, incluindo uma missão artificial de quatro meses a Marte, financiada pela Nasa, para estudar estratégias alimentares para voos espaciais de longa duração.

Em 2009 Proctor foi finalista no programa de candidatos a astronauta da Nasa. Agora, já é a quarta mulher afro-americana a voar no espaço. Ela foi escolhida através de um concurso online promovido pela Shift4 Payments como parte da seleção de tripulantes da Inspiration4.

Quatro pessoas sentadas com roupas de astronauta brancas dentro de uma nave com paredes e assentos cor de cinza
Da dir. para a esq., Hayley Arceneaux, Jared Isaacman, Sian Proctor e Christopher Sembroski durante a decolagem da missão na quarta (15) - Divulgação/AFP

HAYLEY ARCENEAUX, 29, MÉDICA-CHEFE
Tendo sobrevivido a um câncer ósseo na infância, Arceneaux se tornou assistente médica no Centro de Pesquisa Médica Infantil St. Jude, em Memphis, Tennessee, o grande centro de tratamento câncer pediátrico onde ela própria foi paciente. Arceneaux, que perdeu parte da coxa e do joelho esquerdo aos 10 anos de idade em função do câncer, será a primeira pessoa com uma prótese a viajar no espaço.

Ela será também a americana mais jovem a ir para o espaço e a pessoa mais jovem a voar em órbita. De acordo com a SpaceX, apenas 553 humanos até agora entraram em órbita.

O hospital St. Jude, onde Arceneaux hoje atende pacientes com leucemia e linfoma, é o principal beneficiário do projeto Inspiration4, que Isaacman concebeu como esforço para promover e levantar fundos para o instituto.

Arceneaux disse que se sentiu inspirada a participar do voo espacial para mostrar a seus jovens pacientes “como pode ser a vida após o câncer”.

Quatro pessoas com macacões azuis posam de pé em um gramado verde com um foguete branco ao fundo
A tripulação da missão Inspiration4 em foto de divulgação da série documental preparada pela Netflix sobre a viagem - Divulgação/Reuters

CHRIS SEMBROSKI, 42, ESPECIALISTA DA MISSÃO
Engenheiro de dados na gigante aeroespacial Lockheed Martin Corp, em Everett, Washington, Sembroski passou parte de seu tempo livre na faculdade lançando foguetes-modelo de alta potência e trabalhou como voluntário para a ProSpace, organização de base que fazia lobby no Capitólio em nome de empreendimentos espaciais privados.

Sembroski também conduziu missões espaciais simuladas de ônibus espaciais no U.S. Space Camp, campo de ciências, tecnologia e engenharia para jovens, financiado pelo governo, em Huntsville, Alabama.

Ele entrou para a Força Aérea dos EUA como técnico eletromecânico, foi enviado ao Iraque e trabalhou na manutenção de uma frota de mísseis balísticos intercontinentais Minuteman III, deixando o serviço militar ativo em 2007.

Sembroski foi selecionado para integrar a tripulação do Inspiration4 por meio de um sorteio que atraiu 72 mil candidatos e levantou US$113 milhões em doações ao hospital St. Jude.

Tradução de Clara Allain

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