Descrição de chapéu Coronavírus

Veneno de cobra brasileira inibe reprodução do coronavírus em células de macaco

Substância, porém, não cura doença e não foi testada em células humanas

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Leonardo Benassatto
São Paulo | Reuters

Pesquisadores brasileiros descobriram que uma molécula encontrada no veneno de uma espécie de cobra inibiu a reprodução do Sars-CoV-2 em células de macaco.

Um estudo publicado na revista científica Molecules neste mês revelou que a molécula produzida pela serpente jararacuçu inibiu a capacidade do vírus de se multiplicar em células de macaco em 75%.

Cobra com a parte dianteira do corpo dobrada sobre si
Jararacuçu (Bothrops jararacussu) - Rodrigo.Argenton/Wikimedia commos

"Conseguimos mostrar que esse componente do veneno da cobra inibiu uma proteína muito importante do vírus", disse Rafael Guido, professor na Universidade de São Paulo e um dos autores do estudo.

A molécula é um peptídeo, ou cadeia de aminoácidos, capaz de se conectar a uma enzima do Sars-CoV-2 chamada PLPro, que é vital para a reprodução do vírus.

Já conhecido por suas qualidades antibacterianas, o peptídeo pode ser sintetizado em laboratório, disse Guido, tornando desnecessária a captura ou a criação de cobras.

"Temos medo de as pessoas saírem caçando jararacuçus pelo Brasil, pensando que vamos salvar o mundo. Não é isso", disse Giuseppe Puorto, herpetologista que dirige a coleção do Instituto Butantã em São Paulo. "Não é o veneno que cura o coronavírus."

Não existe uma cura para a Covid. A prevenção da doença, porém, passa pela vacinação coletiva em curso no país.

A seguir, pesquisadores vão avaliar a eficiência de diferentes doses da molécula e se ela é capaz de evitar que o vírus entre nas células para começar, segundo nota da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), que também participou da pesquisa.

Ainda não há prazo para testes em células humanas.

A jararacuçu é uma das maiores serpentes do Brasil, chegando a 2 metros de comprimento. Ela vive na mata atlântica costeira e também é encontrada na Bolívia, no Paraguai e na Argentina.

Colaborou na reportagem Pedro Fonseca

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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