Descrição de chapéu The New York Times

Descoberta chinesa de mineral lunar pode dar visão mais completa da Lua

Pesquisadores encontraram cristal de um novo mineral de fosfato; amostras lunares são as peças-chave para se entender a evolução planetária

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Christine Chung
The New York Times

Cientistas chineses anunciaram recentemente a descoberta de um novo mineral entre amostras coletadas na Lua durante uma missão há dois anos, ampliando o corpo de conhecimento sobre o satélite da Terra que foi o foco da primeira exploração espacial.

Os cientistas encontraram um único cristal de um novo mineral de fosfato que eles chamaram de changesite-(Y) enquanto analisavam partículas de basalto lunar, ou fragmentos endurecidos de lava, informou o jornal e site estatal The Global Times.

A descoberta foi anunciada na sexta-feira (16) e estava ligada à missão Chang'e-5, que conseguiu recuperar amostras lunares como parte de planos mais ambiciosos de exploração espacial pela China. Em dezembro de 2020, tornou-se o primeiro país em cerca de quatro décadas a trazer de volta rochas e solo lunar, acumulando vários quilos de material, disseram especialistas.

Lua cheia no céu de Baghdad, capital do Iraque, em agosto de 2022. - (Foto: Khalil Dawood/Xinhua)

A Comissão de Novos Minerais, Nomenclatura e Classificação, órgão da Associação Mineralógica Internacional que analisa a introdução de minerais e sua nomenclatura, confirmou o changesite-(Y) como um novo mineral, de acordo com a Administração Espacial Nacional da China.

Amostras lunares são a "moeda corrente" para se entender a evolução planetária, disse James Head, professor de ciências geológicas da Universidade Brown.

Partícula cinzenta, retangular
Imagem 3D de novo mineral de fosfato encontrado na Lua, chamado de changesite-(Y) - BRIUG/Xinhua

A análise das amostras coletadas pela Nasa décadas atrás, durante a era dos pousos lunares da Apollo e depois dos pousos robóticos Luna da União Soviética, ajudou os cientistas a entender melhor o que formou a Lua.

Os cientistas dizem que essas descobertas, juntamente com os resultados de modelagem computacional recente, apoiam a teoria de que a Lua foi criada a partir dos detritos restantes de uma colisão entre a Terra e um corpo planetário do tamanho de Marte.

Nas seis missões Apollo, realizadas entre 1969 e 1972, a Nasa acumulou 2.200 amostras, ou 382 quilos de "rochas lunares, amostras de núcleo, seixos, areia e poeira da superfície lunar", disse a agência espacial. A Nasa continua estudando amostras das missões Apollo e recentemente abriu uma de suas amostras restantes, em preparação para as missões Artemis à Lua, disse a agência em comunicado à imprensa em março.

Novas amostras, coletadas em diferentes locais da Lua, vão expandir o conhecimento existente sobre os "reservatórios voláteis e a evolução geológica do satélite", disse a Nasa em comunicado.

Até o momento, a maioria das amostragens tem como alvo a parte central do lado próximo da Lua, o hemisfério voltado para a Terra, disse Head.

Novos minerais descobertos no satélite não são abundantes, disse Clive Neal, professor de geologia planetária da Universidade Notre Dame. O primeiro foi o armalcolite, encontrado durante a missão Apollo 11; o termo é uma combinação dos nomes dos três astronautas da missão.

As próximas expedições, que incluem iniciativas da China e dos Estados Unidos, têm como alvo território inexplorado na Lua. Amostras de "outros locais geologicamente interessantes", em especial de terrenos mais jovens do satélite, poderão ajudar a ampliar a compreensão dos cientistas sobre como ele evoluiu, disse Neal.

"A Lua ainda está revelando alguns segredos interessantes", acrescentou ele.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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