Editorial da Nature diz que reeleição de Bolsonaro seria ameaça à democracia e ao ambiente

Texto opinativo aponta que Brasil só tem uma opção e que pode começar a se reconstruir; revista, porém, também lembra de denúncias de corrupção contra Lula

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São Paulo

Um editorial da revista científica Nature publicado nesta terça-feira (25) afirma que, na eleição presidencial atual, classificada pelo periódico como a mais importante desde o fim da ditadura, só há uma escolha para o Brasil e para o mundo, e que um segundo mandato do governo Jair Bolsonaro (PL) representaria ameaças à ciência, à democracia e ao meio ambiente.

Em setembro, antes do primeiro turno da atual eleição, um editorial da revista científica Lancet criticou a gestão de Bolsonaro na pandemia e o desrespeito a indígenas e também falou sobre a necessidade de "uma mudança urgente".

O texto da Nature afirma que o presidente brasileiro assumiu o posto negando a ciência, ameaçando os direitos das populações indígenas e promovendo armas como solução para preocupações com segurança. "Bolsonaro foi fiel à sua palavra. Seu mandato foi desastroso para a ciência, para o meio ambiente e para o povo do Brasil —e para o mundo", aponta o texto.

Toalhas de Bolsonaro e Lula; um homem arruma a toalha de Lula
Comércio de toalhas e de produtos relacionados à campanha política do candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), na rua 25 de Março, em São Paulo - Rubens Cavallari - 19.out.2022/Folhapress

Quando Bolsonaro foi eleito, em 2018, a mesma Nature, em editorial, já havia publicado sobre o risco que o presidente eleito representava para a ciência e o meio ambiente.

O texto da respeitada revista científica destaca os níveis alarmantes de desmatamento desde o início do atual governo. O editorial relembra do período em que o país conseguiu derrubar bruscamente a destruição da floresta e quebrar a ligação entre desmate e produção de carne e soja. "Muito desse progresso se perdeu", diz o texto.

Aponta também que, assim como o ex-presidente norte-americano Donald Trump, Bolsonaro ignorou a ciência relacionada à Covid-19 e negou os perigos da doença —além de ter questionado, sem embasamento, a segurança das vacinas.

"Outras semelhanças já foram levantadas entre Trump e Bolsonaro —ambos tentaram minar o Estado de direito e reduzir os poderes dos reguladores", diz o texto.

O editorial também relembra que as verbas para finanças já estavam em queda antes do início do governo atual, mas continuaram a cair até o ponto de criar dificuldades gerais de funcionamento para universidades federais.

Apesar das críticas à condução de Bolsonaro, o editorial da Nature também aponta as diversas denúncias de corrupção associadas ao período do governo Lula —cita também a anulação da condenação do ex-presidente, em parte pela parcialidade nos julgamentos nos quais era réu.

"Nenhum líder político chega perto do perfeito", diz o editorial sobre a eleição brasileira. Ela cita, porém, que os últimos quatro anos são uma lembrança do que acontece quando se elege aqueles que ativamente buscam desmantelar instituições destinadas a combater a pobreza, a proteger a saúde pública, a fazer avançar a ciência e o conhecimento e a proteger o meio ambiente.

"Os eleitores brasileiros têm uma oportunidade valiosa de começar a reconstruir o que Bolsonaro destruiu. Se Bolsonaro tiver mais quatro anos de governo, o dano pode ser irreparável", conclui o editorial.

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