Descrição de chapéu The New York Times

A menor lua de Marte talvez não seja o que parecia

Novas imagens de alta resolução sugerem que a minúscula Deimos tem mais a ver com o planeta do que com um asteroide

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Jonathan O'Callaghan
The New York Times

Deimos, a menor das duas luas de Marte, pode ser uma lasca de um antigo bloco —literalmente.

Essa é a conclusão de cientistas dos Emirados Árabes Unidos, cujo orbitador Hope —também chamado de Missão Marte dos Emirados e a primeira espaçonave interplanetária do país— acabou de captar as melhores vistas de Deimos já obtidas por espaçonaves.

"Estamos obtendo a maior resolução já alcançada", disse Hessa Al Matroushi, líder científico da missão no Centro Espacial Mohammed Bin Rashid, em Dubai.

Uma foto sem data fornecida pela Emirates Mars Mission mostra uma imagem composta de Deimos, capturada pela Emirates Mars Mission, sobre Marte
Imagem registrada pelo orbitador Hope, dos Emirados Árabes Unidos, mostra a minilua Deimos com o planeta Marte ao fundo - Emirates Mars Mission via NYT

Marte tem duas luas de formato irregular e nenhuma delas é poderosa. Fobos, a maior delas, tem cerca de 27 km de diâmetro em sua parte mais larga e orbita mais perto do planeta vermelho, a uma altitude aproximada de 5.920 km. Deimos tem apenas 14 km de diâmetro em seu lado mais longo e completa uma órbita de Marte a cada 30 horas, a uma altitude de 24 mil km.

O tamanho reduzido e as dimensões peculiares das luas levaram a suspeitas de que seriam asteroides capturados por Marte há muito tempo. Não é assim, dizem os pesquisadores que analisam os dados registrados pelo Hope, que entrou na órbita de Marte em fevereiro de 2021.

A missão, destinada principalmente a estudar a atmosfera marciana, passou 2023 em uma fase estendida realizando vários sobrevoos de Deimos. A Hope chegou a 96 km da superfície da minilua em março, distância superada apenas pela sonda Viking 2 da Nasa em 1977, que chegou a cerca de 30 km da superfície, mas com instrumentos e câmeras mais primitivos.

Montagem fornecida pela missão dos Emirados Árabes Unidos mostra duas imagens da minilua Deimos, capturadas pelo orbitador Hope
Montagem fornecida pela missão dos Emirados Árabes Unidos mostra duas imagens da minilua Deimos, capturadas pelo orbitador Hope - Emirates Mars Mission via NYT

Os três instrumentos científicos de Hope foram capazes de sondar a composição de Deimos. Eles descobriram que era mais semelhante a Marte, principalmente na quantidade de carbono e dos compostos orgânicos presentes, do que asteroides do tipo D, a classe previamente sugerida como sua origem.

"Parece mais com Marte do que com um asteroide", disse Al Matroushi. Ainda não está claro, porém, como a lua teria se formado a partir de Marte.

A espaçonave também obteve as primeiras imagens do lado da lua que sempre está oculto de Marte, assim como nossa Lua em relação à Terra. As diferenças entre o lado próximo e o distante de Deimos ainda precisam ser analisadas.

A Hope continuará sua missão em 2024, observando Deimos ao longo de 2023, juntamente com suas observações contínuas de Marte. No final da década, uma missão japonesa chamada Martian Moons eXploration, ou MMX, estudará os satélites do planeta vermelho e tentará enviar amostras de Fobos à Terra, o que poderia resolver as origens das luas.

A próxima espaçonave que os Emirados planejam construir é uma missão ao cinturão de asteroides, com lançamento previsto para 2028. O sucesso do orbitador Hope pode apontar para uma ciência mais empolgante no futuro.

"Honestamente, superou nossas expectativas", disse Al Matroushi.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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