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IA identifica até 13% mais casos de câncer de mama do que médicos, segundo estudo

Estudo indica o potencial da inteligência artificial para melhorar diagnósticos médicos

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Michael Peel
Londres | Financial Times

A inteligência artificial pode reduzir drasticamente o número de cânceres de mama em estágio inicial não detectados, segundo pesquisas que mostram o potencial da tecnologia para melhorar e acelerar diagnósticos médicos.

A análise feita com o uso de inteligência artificial identificou até 13% mais casos do que os médicos haviam identificado —estima-se que 20% ou mais dos cânceres não são detectados com os atuais exames de triagem sem utilização de IA.

O novo estudo, publicado na última quinta-feira (16) na Nature Medicine, destaca como a tecnologia pode ajudar a combater esse tipo de doença, identificando erros ou sinais difíceis de serem interpretados e que acabam ignorados pelos humanos.

"Nosso estudo mostra que o uso da IA pode atuar como uma rede de segurança eficaz, uma ferramenta para evitar que sinais mais sutis de câncer passem despercebidos", afirmou Ben Glocker, coautor do estudo e professor de aprendizado de máquina para imagens no Imperial College London.

Células cancerígenas
Células cancerígenas - Adobe Stock

"Ver em primeira mão que o uso da IA poderia reduzir substancialmente a taxa de cânceres não detectados na triagem de mama é um grande impulso para nossa missão de transformar o tratamento do câncer com esse recurso."

O estudo recorreu a uma ferramenta de IA, conhecida como Mia, desenvolvida pela Kheiron Medical Technologies, empresa do Reino Unido especializada em diagnósticos médicos com IA. Os pesquisadores analisaram dados de 25 mil mulheres submetidas a exames de triagem para câncer de mama na Hungria entre 2021 e 2023.

O estudo teve três fases, e em cada uma delas os radiologistas utilizaram a IA de forma diferente. Os grupos apresentaram melhorias nas taxas de detecção de câncer de 5%, 10% e 13%, em comparação com a leitura padrão feita por pelo menos dois radiologistas.

A maioria dos cânceres adicionais descobertos eram invasivos, o que significa que tinham o potencial de se espalhar para outras partes do corpo.

O trabalho fornece evidências importantes de que a IA pode melhorar a precisão na identificação de tecidos malignos, além de acelerar o processo. Pesquisas feitas na Suécia, publicadas no fim de agosto, indicaram que a análise de mamografias aprimorada por IA resultou em uma taxa de detecção de câncer semelhante à dupla leitura humana padrão.

A pesquisa mais recente da Hungria foi "um exemplo promissor de como podemos utilizar a IA para acelerar o diagnóstico e o tratamento" no NHS (serviço nacional de saúde britânico), disse Katharine Halliday, presidente do Royal College of Radiologists do Reino Unido, que não participou da pesquisa.

"Os resultados destacam o potencial da IA para aprimorar a precisão das interpretações de mamografias e apoiar a tomada de decisões clínicas", explicou ela. "O estudo enfatiza a natureza complementar da IA e dos radiologistas, prevendo um futuro colaborativo que combina as forças de ambos."

O uso da inteligência artificial também oferece a possibilidade de acelerar a análise. Os autores do artigo húngaro disseram que Mia poderia economizar até 45% do tempo gasto na leitura de exames de câncer de mama.

Sehundo a Kheiron, a ferramenta foi testada em 16 hospitais no Reino Unido e está sendo implementada nos Estados Unidos.

Os pesquisadores destacaram a importância de dar continuidade à pesquisa para ampliar e aprofundar como a IA pode ser usada para detectar o câncer. As áreas a serem priorizadas incluíam a obtenção de resultados de mais países e o uso de outros sistemas de IA, além de monitorar o surgimento de mais casos de câncer em seu grupo de estudo, disseram eles.

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