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Jabuti Acadêmico, 'filho' do Jabuti tradicional, reconhecerá obras de áreas científicas

Inscrições para a primeira edição podem ser feitas até as 18h do dia 19 de março

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Campinas

O prêmio literário mais tradicional do país cresceu —e está de olho nas produções acadêmicas. A partir deste ano, livros de áreas científicas, técnicas e profissionais terão uma premiação própria, batizada de Jabuti Acadêmico.

A divulgação do "filho do Jabuti" foi feita nesta terça (30) pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pelo Prêmio Jabuti e por eventos importantes do mercado literário do país, como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Depois de 65 edições anuais ininterruptas, o prêmio já tinha passado por algumas mudanças, por exemplo, em suas categorias. Esta é a primeira vez, no entanto, que o Jabuti cria uma premiação extra.

Livros no Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo - Karime Xavier - 22.jan.21/Folhapress

O nome por trás do novo Jabuti Acadêmico é do físico e ex-reitor da Unicamp Marcelo Knobel —ele próprio autor de dois livros acadêmicos e de divulgação científica publicados em 2021: "A Ilusão da Lua" (Ed. Contexto) e "Reflexões sobre Educação Superior" (Ed. Blucher).

Como curador do prêmio a convite da CBL, ele teve a missão de desenhar o novo Jabuti em pouco mais de seis meses. Para isso, conta, teve ajuda de um conselho curador, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

"O que vinha acontecendo é que todo um setor muito grande da área editorial tinha pouca presença no Jabuti", diz. "Faz tempo que há uma discussão na CBL para ampliar a cobertura desse setor, que é bastante relevante."

De fato, de acordo com levantamento da Câmara Brasileira do Livro divulgado no ano passado, 3 das 10 áreas de maior produção literária em 2022 são acadêmicas: economia; administração; negócios e administração pública; ciências humanas e sociais; e psicologia e filosofia. Todas estão contempladas no novo Jabuti Acadêmico.

Cada uma dessas áreas teve pelo menos 1% do total de livros produzido em 2022 (para entender os números: mais da metade da produção nacional de obras no Brasil se refere a livros didáticos; a outra parcela se divide em todas as demais categorias, como religião, literatura, autoajuda e todas as acadêmicas. Nesse contexto, ter 1% do total produzido é bem significativo).

No novo Jabuti, o primeiro desafio foi definir as categorias de premiação. Cada instituição acadêmica do Brasil divide as áreas do conhecimento de um jeito diferente —e, fora do país, muda tudo. Knobel partiu das 49 áreas do conhecimento categorizadas pela Capes, órgão do MEC (Ministério da Educação) voltado à pós-graduação do Brasil.

A partir daí, algumas áreas foram agrupadas aqui e ali até se chegar a 27 categorias que integram o eixo ciência e cultura do novo Jabuti. Estamos falando, por exemplo, de ciência de alimentos e nutrição, direito e educação física, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

O novo Jabuti Acadêmico traz também dois prêmios em outro eixo, chamado de prêmios especiais, voltado a obras de divulgação científica e ilustração (que na área acadêmica é uma produção bem importante).

Com isso, o novo prêmio soma 29 categorias. É mais do que o Jabuti tradicional que, na última edição, de 2023, teve 21 categorias em quatro eixos (literatura, não ficção, produção editorial e inovação).

Ao todo, 87 nomes participarão da escolha dos livros destacados no novo Jabuti Acadêmico —três por categoria. Defini-los seguindo critérios de diversidade, por exemplo de gênero e de subáreas dentro de uma grande área, conta Knobel, foi ainda mais difícil do que criar as categorias da premiação.

E ainda não acabou: o novo prêmio também fará uma homenagem a um acadêmico do ano—escolhido pela Câmara Brasileiro do Livro— e a um livro clássico de uma área do conhecimento de qualquer época. Nesse caso, haverá uma consulta pública para indicação das obras, aberta a partir desta terça-feira (30) por 30 dias.

Antes do novo Jabuti Acadêmico, cientistas com obras acadêmicas poderiam concorrer ao prêmio tradicional encaixando suas obras no eixo "não ficção" em categorias como ciências ou ciências humanas. Ainda não se sabe se elas serão mantidas. "Isso está sendo discutido. Mas são dois prêmios independentes", diz Knobel.

As inscrições do novo Jabuti seguem o Jabuti tradicional —podem ser feitas pela editora, autor, agente literário ou procurador— até as 18h do dia 19 de março. As obras de autores brasileiros (natos, naturalizados ou estrangeiros com residência permanente no Brasil) devem ter sido publicadas em primeira edição entre 1° de janeiro e 31 de dezembro de 2023. Os autores premiados em cada categoria receberão a famosa estatueta e R$ 5.000. As editoras das obras premiadas também levam uma estatueta.

Vai ter bastante inscrição? "Não sabemos. Estamos com boas perspectivas, mas também com uma série de dúvidas", diz Knobel. "Mas esperamos que a premiação possa estimular mais autores cientistas a se dedicarem à produção de livros."

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