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Área do planeta coberta por recifes de coral é maior do que se pensava

Cientistas mapearam ecossistemas até cerca de 15 metros de profundidade da água

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Laura Millan
Bloomberg

A área total do planeta coberta por recifes de coral é maior do que se pensava, de acordo com a avaliação mais abrangente e de alta resolução já feita.

Os recifes de coral rasos cobrem cerca de 348 mil quilômetros quadrados da superfície do globo —área equivalente ao estado de Goiás—, segundo pesquisa liderada pela Universidade de Queensland, na Austrália. Estimativas anteriores indicavam uma área de 154 mil quilômetros quadrados a 301 mil quilômetros quadrados.

"Essa é a primeira representação precisa da distribuição e composição dos recifes de coral do mundo, com terminologia clara e consistente", disse Mitchell Lyons, pesquisador da Universidade de Queensland e autor principal do estudo. "Esses dados permitirão que cientistas, conservacionistas e responsáveis por políticas públicas entendam e gerenciem melhor os sistemas de recifes."

Peixes nadam próximos a recife de coral em Key West, na Flórida - Joseph Prezioso - 14.jul.23/AFP

Os recifes de coral abrigam em torno de um quarto de toda a vida marinha do planeta e são essenciais para o sustento de cerca de um bilhão de pessoas.

Esses ecossistemas são extremamente vulneráveis às mudanças climáticas, que estão levando ao aumento da temperatura dos oceanos e à acidificação crescente das águas.

Em diversos pontos, eles estão sendo dizimados por eventos de branqueamento em massa e doenças, que devem se tornar mais intensom e frequentem com o aquecimento da Terra.

Mapear com precisão os corais é um passo necessário para protegê-los, segundo os pesquisadores. A pesquisa publicada no Cell Reports Sustainability na última terça (13) utilizou mais de 100 trilhões de pixels de imagens detalhadas dos satélites Sentinel-2 e da constelação Dove CubeSat da Planet, além de um conjunto de dados fornecidos por 480 fontes diferentes. Essas informações foram, então, utilizadas para treinar uma máquina capaz de classificar a presença de recifes em diferentes profundidades.

Os cientistas mapearam um total de 348.361 quilômetros quadrados de recifes de coral até cerca de 15 metros de profundidade da água. Essa área inclui superfícies duras como coral e rocha, bem como superfícies macias como areia, entulho, lama ou ervas marinhas.

Cerca de um quarto da área total foi classificada como habitat de coral, onde se encontra coral duro de alta densidade. Os prados de ervas marinhas, que desempenham papel importante nos ecossistemas marinhos, cobrem 67.236 quilômetros quadrados.

Cientistas querem agora melhorar a capacidade da ferramenta para distinguir espécies. Isso é necessário para avaliar a resiliência de um recife às mudanças climáticas e seus impactos, disse Helen Fox, diretora de ciência da conservação da Coral Reef Alliance, sediada nos Estados Unidos, e coautora do artigo.

"É importante preservar a diversidade genética", disse Fox. "Quanto mais diversidade você tem, maior a chance de ter espécies diferentes que podem sobreviver."

Esforços anteriores para mapear recifes de coral em escala global foram realizados antes que satélites de alta resolução pudessem fotografar toda a superfície do mundo. Isso significava que esse tipo de mapa estava disponível apenas em escalas locais ou regionais. O novo mapa está disponível publicamente por meio do Allen Coral Atlas e do Google Earth Engine.

"A pergunta principal é se esses resultados podem nos ajudar a entender o que está acontecendo em pequenas escalas, contribuindo para a tomada de decisões em nível local", disse Fox.

Os dados já estão sendo usados para apoiar esforços de conservação, restaurar recifes de coral e identificar áreas sensíveis.

Projetos que utilizam a ferramenta estão em andamento em mais de uma dúzia de países, incluindo Indonésia, Vanuatu, Belize, Quênia, Austrália e Micronésia.

O governo de Fiji está usando os mapas como fonte de dados para identificar áreas de coral que precisam ser reabilitadas após a passagem de ciclones.

"É mais do que um mapa", disse Lyons. "É uma ferramenta para mudança positiva para recifes e ambientes costeiros e marinhos em geral."

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