Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Cracolândia drogas

Ideias milagrosas para o centro de São Paulo

Desapropriações, demolições e moradores de rua mandados para o campo

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Os apresentadores dos programas policialescos estão em êxtase, esgoelando-se de indignação enquanto comemoram a alta audiência. Todos os dias eles mostram imagens do horror no centro de São Paulo. Enxames de usuários e traficantes de drogas que vão de um ponto a outro, no chamado "fluxo"; flagrantes de roubos e furtos, mais de mil registros nos primeiros meses do ano, em que bandos levam celulares e até a roupa das pessoas; invasão e saques de lojas, muitas sob risco de fechar, como as do shopping das motos, cujas vendas caíram 70%.

Há quase 50 mil moradores de rua e milhares de imóveis vazios e abandonados na cidade, a maioria na região central. A gestão Tarcísio de Freitas —aprovada por 44% da população— planeja uma limpeza geral, com desapropriações e demolições no atual cenário do caos, para erguer o novo centro administrativo, uma esplanada nos moldes de Brasília.

Com a situação fora de controle, surgem ideias milagrosas. O governo do estado pretende lançar um programa para que pessoas em situação de rua sejam contratadas por produtores rurais. Fez uma plataforma digital, espécie de monitor da cracolândia, para mapear os crimes e o número de dependentes de drogas (uma delas, a K9, uma maconha sintética, tem até apelido nas chamadas da TV: "droga zumbi"). A prefeitura trabalha à moda antiga: cercou a praça da Sé com grades móveis.

Nas redes sociais —esse nicho de ternura e delicadeza— alguns cariocas aproveitam para gozar os paulistanos, dizendo que o Rio perdeu o primeiro lugar entre as cidades mais violentas do país.

Cenas iguais não acontecem no Rio porque estamos atrasados. A população de rua, no total, não chega a 8.000 pessoas. Nosso centro histórico abriga só 2.000 mendigos. Não há mais assaltos nem furtos de celulares pelo simples motivo de que, desde a pandemia, a vida fugiu da região e se recusa a voltar.

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