Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Com dinheiro público, Câmara do Rio é luxo só

Não há data para que vereadores ocupem e adaptem o Edifício Serrador, comprado há mais de um ano por R$ 150 milhões

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Com nome inspirado na canção de Cole Porter, o Night and Day foi uma das maiores casas de shows do Rio nos anos 1940 e 1950, funcionando full time na Cinelândia. Como conta Ruy Castro no seu livro "A Noite do Meu Bem", era bar, almoço, chá dançante com o pianista Waldir Calmon, jantar e, madrugada adentro, o espetáculo de paetês, pernas e artistas internacionais que atraía fazendeiros, industriais, comerciantes em visita à capital e sobretudo a fauna política do Senado, alojado no vizinho Palácio Monroe, da Câmara dos Deputados, dos principais ministérios e do Palácio do Catete, os quais não ficavam longe.

Pois hoje, como se fosse uma falsa volta aos anos dourados, vereadores cariocas decidiram que querem trabalhar no mesmo lugar onde as coristas do Night and Day hipnotizavam a plateia.

O edificio Francisco Serrador, inaugurado em 1944, e que era considerado um dos mais importantes do seu período, visto na esquina da rua do Passeio, com a Senador Dantas, na Cinelândia - Rafael Andrade - 3.set.09/Folhapress

No fim de 2022 a mesa diretora da Câmara do Rio aprovou a compra do Edifício Serrador por R$ 150 milhões para transformá-lo em sua nova sede. A mudança, no entanto, não está sendo tão simples nem tão rápida como fazia supor a proximidade (quatro minutos de caminhada) com o Palácio Pedro Ernesto, casa dos vereadores desde 1923, conhecida como Gaiola de Ouro pela arquitetura e os custos de sua construção.

A história de luxo e assalto aos cofres públicos se repete. Inaugurado em 1944, o Serrador é uma maravilha art déco: 23 andares, fachada em mármore, hall de entrada com 15 metros de pé-direito. Já esteve alugado ao empresário Eike Batista, que por sorte não o destruiu, como fez com o Hotel Glória. Eike o tornou um prédio "inteligente", com heliporto na cobertura.

Um ano após a compra, a Câmara não tem uma data para que o plenário se instale no Serrador. Nem sabe os custos necessários para adaptar o edifício. Talvez até o fim da década, e gastando muito mais dinheiro, os vereadores possam enfim se sentir tão irresistíveis como as vedetes de Carlos Machado.

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