Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula quer providência enérgica antes de virar a página com militares

O governo e a caserna já sabiam que a relação não se resolveria num bate-papo

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O governo e a caserna já sabiam que a relação entre Lula e os militares não se resolveria num simples bate-papo. A troca do comandante do Exército é considerada apenas a primeira medida para começar a virar uma página que ficou pesada demais depois dos episódios de 8 de janeiro.

Nos dias que antecederam a demissão do general Júlio Cesar de Arruda, neste sábado (21), Lula dizia a auxiliares que era preciso tomar uma providência enérgica para restabelecer a autoridade sobre o Exército. O presidente cobra substituições em altos cargos e a punição de militares coniventes com o ataque à praça dos Três Poderes.

Um dos focos vivos de tensão é a chefia do Batalhão da Guarda Presidencial, que deveria cuidar da segurança do Palácio do Planalto. Lula quer a troca do comandante da tropa, mas Arruda defendia mantê-lo até que uma investigação pudesse comprovar se ele realmente facilitou a invasão do prédio.

O presidente também exige uma mudança clara de posição dos militares diante de eventuais protestos em frente aos quartéis. Nesse quesito, uma convergência já vem sendo construída: a determinação dos militares é impedir novas ocupações.

Reunião do presidente Lula com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

O diagnóstico de aliados de Lula é que o ministro José Múcio (Defesa) já havia conseguido aplainar terrenos na Marinha e na Aeronáutica. O Exército, no entanto, ainda era um problema —o que ficou marcado pela leniência desses militares com o acampamento montado em frente a seu quartel-general em Brasília.

Os operadores de Lula consideram uma ilusão acreditar numa virada de página imediata, devido ao alinhamento de boa parte dessas tropas com o bolsonarismo. O esforço, segundo eles, deve se dar para ampliar o apoio dos círculos legalistas e isolar ao máximo os radicais.

Nada disso será suficiente para acabar com a contaminação política legada por Jair Bolsonaro e seus aliados dentro das Forças. O quadro desenhado é de um trabalho de redução de danos, com concessões e punições exemplares pelo caminho.

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