Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Indicadores ajudam a avaliar mobilidade sustentável nos municípios

Dados medem proximidade de pessoas ao transporte público, acessibilidade e características da cidade

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São Paulo

Mobilidade tem sido o foco central do planejamento em muitas cidades, e torná-la sustentável afigura-se como uma necessidade imperiosa, principalmente em função dos impactos na sociedade e no meio ambiente. Entretanto, para que seja possível trabalhar na evolução dos modelos de mobilidade sustentável, é necessária a comparação de resultados que permitam a avaliação de seu desempenho, o que não é possível sem a existência de um grupo adequado de indicadores, que possa ser medido e comparado na busca por maior eficiência dos modelos.

Para isso, o ITDP (Institute for Transportation and Development Policy) desenvolveu um conjunto de 12 indicadores que podem ser usados para, efetivamente, desenvolver políticas de transporte em uma cidade, ao mesmo tempo em que mede sua eficácia. Além disso, pode fornecer às autoridades municipais as informações necessárias para que sejam feitas intervenções que melhorem o sistema de transportes de maneira geral. Esses indicadores medem uma variedade de diferentes aspectos relacionados à mobilidade sustentável, e podem ser agrupados em três categorias: proximidade, acessibilidade e características da cidade.

Proximidade das pessoas com transportes de massa (PTM), por exemplo, é um dos indicadores que medem a porcentagem de população localizada a 500 metros de caminhada de estações de transporte. A proximidade do transporte de massa é definida como uma jornada de aproximadamente 10 minutos a pé ou em ciclovias protegidas.

O acesso ao trabalho por transporte sustentável afere a média do número de locais que podem ser alcançados em 30 minutos e em 60 minutos dentro de cada setor censitário a pé, de bicicleta - em ciclovias protegidas - ou por transporte público de massa. O número de empregos que cada setor censitário pode alcançar é ponderado pelo número de pessoas que vive naquele setor. Esse indicador serve como medida real da capacidade de as pessoas alcançarem seus destinos de trabalho por meio de modos sustentáveis de transporte. O indicador inclui toda a cidade, não apenas as áreas que estão próximas às estações. Portanto, é um indicador eficiente para identificar áreas da cidade que não são bem servidas pelo sistema de transporte sustentável.

No que diz respeito às características da cidade, a densidade de quadras é um dos indicadores. Ele mede o número médio de quarteirões da cidade por quilômetro quadrado da área em estudo. Maior densidade de quadras significa maior quantidade de vias públicas, facilitando as viagens mais curtas e, portanto, incentivando caminhadas, ciclismo e transporte público como alternativas atrativas ao automóvel.

Outra característica da cidade que pode ser avaliada nesse contexto é a densidade populacional ponderada, que está relacionada ao potencial de atividade em determinada área. É um indicador que representa a sensação de adensamento experimentada por uma pessoa na cidade. Maior densidade populacional significa, normalmente, mais pessoas morando perto de mais destinos, o que permite viagens mais curtas, que são feitas mais facilmente caminhando, pedalando ou usando transporte público.

No entanto, é importante notar que, embora a densidade aumente o potencial para caminhadas, este indicador não leva em conta o desenho urbano, como boas calçadas ou a mistura de usos do solo. Portanto, a densidade populacional ponderada deve ser usada com outros indicadores para permitir a melhor compreensão da cidade. Este indicador pode ser usado para modificar o zoneamento de áreas onde seja necessário maior adensamento ou mesmo localizar novos serviços em locais onde as densidades são maiores.

É importante notar que a utilização desses indicadores permitirá aos planejadores ter uma visão clara do nível de sustentabilidade dos sistemas de transporte de uma cidade em relação a outros, possibilitando ações para o seu aperfeiçoamento. Contudo, é necessário ter em mente que indicadores primordialmente necessitam de dados e informações para serem processados, e embora muitas cidades possuam sistemas que permitam o tratamento adequado desses dados, eles ainda não estão disponíveis de forma adequada e universal.

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