Adensamento não significa, ou não deveria significar, somente construir muitos prédios em uma mesma região da cidade para abrigar um grande número de pessoas. Significa, também, criar um ambiente urbano compatível com a qualidade de vida que esperamos proporcionar aos habitantes das cidades.
Existe uma grande diferença entre a densidade física e a percepção, por parte das pessoas, acerca do conceito de densidade. O que se busca na verdade não é a densidade, mas a qualidade que o ambiente mais denso pode proporcionar, como proximidade do trabalho, oferta de atividades culturais, gastronômicas, de lazer, melhoria da mobilidade etc. A experiência de se viver a curtas distâncias das atividades do dia a dia é o que se considera fator primordial de conforto para os habitantes urbanos, de acordo com pesquisas sobre a vida nas cidades.
A densificação tornou-se, recentemente, sinônimo de sustentabilidade, não só do ponto de vista ecológico, mas também do ponto de vista social, pois aumenta tanto o acesso a diferentes atividades quanto a probabilidade de ocorrência espontânea de encontros entre as pessoas.
O conceito cada vez mais popular de cidade compacta a idealiza como sendo uma região onde edifícios mais próximos uns dos outros abrigam grande número de pessoas e diferentes atividades comerciais, sociais e institucionais, estimulando a caminhada ou o ciclismo. Uma cidade onde os efeitos positivos resultantes dessa formatação incluem aumento de produtividade devido a economias de aglomeração, e menores tempos de deslocamento em função de viagens mais curtas.
Contudo, o adensamento não se traduz somente em resultados positivos, e sua implantação, sem os devidos cuidados, pode trazer efeitos colaterais negativos, como aumento da poluição e dos congestionamentos, entre outros. O planejamento de uma cidade mais densa deve vir acompanhado de intervenções que maximizem os benefícios e minimizem os custos associados.
Para mensurar esses impactos de forma mais objetiva, Gabriel M. Ahlfeldt e Elisabetta Pietrostefani, pesquisadores da London School of Economics and Political Sciences, na Inglaterra, estudaram os efeitos econômicos do adensamento.
A análise considerou benefícios e custos do adensamento associados a 15 atributos determinantes nas cidades: salários, consumo, áreas verdes, valor da terra, uso de automóveis, energia, poluição, segurança, custos da implantação de serviços públicos, aluguel, saúde e bem-estar, equidade social, inovação, acessibilidade e tráfego,
Os pesquisadores, para monetizar os efeitos do adensamento e permitir comparações, calcularam os efeitos resultantes do incremento de 1% na densidade, com um valor em dólares per capita para cada um dos atributos considerados, resultando em valores positivos e negativos.
Os resultados mostraram que o adensamento provoca aumento nos salários em uma proporção, contudo, não tão grande quanto o aumento no valor dos aluguéis. A densidade gera custos na forma de congestionamentos que são compensados por viagens mais curtas. Os custos da densidade estão também associados à poluição e a potenciais efeitos adversos à saúde. Por outro lado, benefícios quantitativamente relevantes decorrentes do adensamento incluem economia de custos na prestação de serviços públicos locais, espaços verdes preservados, menor criminalidade e uso reduzido de energia, o que cria um benefício social considerável.
De toda forma, mais importante que os resultados calculados nas condições específicas da pesquisa efetuada, é a compreensão de que os atributos podem ser mensurados, monetizados e utilizados como forma de orientação no planejamento urbano para que, entre valores positivos e negativos, se consiga um balanço favorável na aplicação do adensamento nas cidades.
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