O coach financeiro Thiago Nigro, também conhecido como Primo Rico, entrou nos assuntos mais falados na internet com um vídeo antigo publicado em seu canal no YouTube.
No vídeo, publicado há três anos, o consultor ensina a pessoa que ganha R$ 1.720 por mês a ficar milionária investindo R$ 270 por mês.
Em uma conta de padaria que só seria feita por padeiro sob o efeito de Zolpidem, Nigro diz que o feito seria possível se a pessoa gastasse R$ 300 em alimentação.
O youtuber faz parte da geração de coaches financeiros que pipocaram na internet nos últimos anos com soluções milagrosas para se tornar um milionário.
Eles usam o próprio exemplo de superação. Na maioria das vezes, são histórias comoventes de privações na infância e, tal qual uma Scarlett O'hara em "O Vento Levou", batalham para nunca mais passarem necessidades.
Mas é só fazer uma rápida pesquisa no Google para descobrir que a maioria teve uma juventude cheia de privilégios e todas as contas pagas até a chegada do primeiro milhão.
As dicas fantasiosas desses coaches vêm floridas de frases motivadoras que abusam do uso de metáforas óbvias como "Não basta ter uma porta, é preciso saber girar a maçaneta". Ou "Não existe remédio que cure a cegueira quando ela vem da mente". Até onde se sabe, não existe nenhum remédio que cure cegueira.
Se cada coach financeiro que aparece na internet deixasse uma pessoa rica, o PIB do Brasil já teria disparado. O país teria o mesmo número de milionários que os Estados Unidos, China e Índia. O abismo social teria desaparecido, já que todo brasileiro seria capaz de economizar.
Se o influencer soubesse do preço do quilo da carne, saberia que é preciso gastar pelo menos R$ 100 por semana para ter um pedaço de proteína animal nas refeições. A coisa piora quando se tem filhos.
Se fizesse as contas direito, o Primo Rico saberia que quem ganha R$ 1.720 não consegue investir porque precisa comer agora, não daqui a um ano.
Mas ali não há intenção de deixar alguém rico, mas de vender livros e conteúdos online. Mas eles só ficaram ricos porque venderam muitos cursos. É um esquema de pirâmide em que só um enriquece: o dono do curso.
Como aquele velho ditado: "Todo dia saem na rua um otário e um coach financeiro. Se os dois se encontrarem, sai negócio".
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