Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu América Latina Venezuela

Resultado sob encomenda

Números divulgados por órgão eleitoral venezuelano geram porcentagens muito próximas de números redondos, o que sugere fraude

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São Paulo

Se você ainda não está convencido de que houve fraude eleitoral na Venezuela, vai aí mais um indício. Pelos dados até aqui divulgados oficialmente, que correspondem a 80% das urnas e já seriam irreversíveis, Maduro obteve 5.150.092 dos 10.058.774 votos computados. O oposicionista Edmundo González ficou com 4.445.978, e os demais concorrentes, com 462.704.

Normalmente, os órgãos eleitorais anunciam as porcentagens com arredondamento até a primeira ou segunda casa decimais. Por esse critério, Maduro teve 51,2%; González, 44,2%; e o resto, 4,6%. O problema aparece se observarmos as porcentagens em mais casas decimais. Aí, Maduro teve 51,1999971%; González, 44,1999989%; e o resto, 4,6000039%. São números incrivelmente próximos de cifras redondas.

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro - Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Quando lidamos com milhões de votos, deveríamos esperar que percentuais de sete casas decimais exibissem mais "desorganização". A título de comparação, no segundo turno de 2022, Lula obteve 50,9024051% dos votos válidos, e Bolsonaro, 49,0975949%.

Não dá para afirmar categoricamente que os resultados anunciados sejam matematicamente impossíveis, mas dá para dizer que eles são suspeitos. A sensação que fica é que, em vez de calcular as porcentagens a partir dos votos obtidos, como ocorreria num processo limpo, as autoridades calcularam o número de votos a partir das porcentagens desejadas pelo governo.

O resultado só não saiu perfeitamente redondo porque, para que isso ocorresse, seria necessário aceitar frações de voto (10.058.774 x 51,2% = 5.150.092,288). O "estagiário" do conselho eleitoral encarregado de fabricar a tabela foi esperto o bastante para perceber que o 0,288 a mais num eleitor geraria questionamentos, mas faltou-lhe a sutileza matemática para forjar um resultado mais em linha com o que se espera de uma votação naturalista.

Se você quer roubar uma eleição, convém estudar um pouco de matemática antes.

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