Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

O 4 a 3 do Engenhão pela última vez

Virada do Palmeiras ainda alimenta versão patética sobre a derrota do Botafogo

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O dono da SAF do Botafogo segue na batida de querer transformar uma derrota humilhante em caso de polícia.

Pobres são aqueles que acreditam na cortina de fumaça de John Textor, o empresário estadunidense que não sabe perder, como a maioria dos cartolas e treinadores do futebol brasileiro, sempre em busca de conspirações onde o que há é incompetência e mediocridade por parte da arbitragem, o VAR intervencionista devidamente incluído.

O empresário norte-americano John Textor fala durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado sobre manipulação de resultados e apostas esportivas em Brasília
O empresário norte-americano John Textor fala durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado sobre manipulação de resultados e apostas esportivas em Brasília; ele afirma ter evidências de manipulação de resultados no Brasil - Evaristo Sa-22.abr.24/AFP

Antes de Textor, muitos outros viram esquema para impedir que determinado clube ganhasse campeonatos outra vez ou, ao contrário, para que esse mesmo clube ganhasse de novo.

Que o mundo do futebol brasileiro é imundo ninguém precisa dizer para quem está há mais de 50 anos na estrada testemunhando, e denunciando, e sendo acionado na Justiça por bandidos, toda sujeira que há por baixo do tapete e por cima da estrutura, a começar pela CBF de João Havelange, Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo e Ednaldo Rodrigues. (Na CBF a exceção foi Giulite Coutinho, entre 1980 e 1986.)

Nos clubes há também exceções, mas são raras, e os dirigentes sabem quais são.

O Botafogo vencia, em casa, o Palmeiras por 3 a 1, teve jogador expulso com rigor talvez excessivo, pênalti polêmico a favor desperdiçado, e levou a virada.

Tivesse vencido por 4 a 1, provavelmente desencadearia enorme crise no rival, até levasse a banqueira de juros extorsivos, patrocinadora e presidenta do Palmeiras a demitir o treinador Abel Ferreira, o mesmo que denunciava, também levianamente, esquemas ocultos contra seu time.

A ninguém ocorreu, e ainda bem, que Tiquinho Soares tivesse perdido o pênalti de propósito.

Nem a inteligência artificial, a que Textor recorre sem noção, levantou a suspeita: terá sido displicente o goleador botafoguense, terá feito um gesto anormal que permitiu ao goleiro Weverton —bem ele que não é considerado pegador de pênaltis— pegar a cobrança?

A sujeira de nosso futebol se denuncia com provas, com quadrilhas pegas com as mãos na botija (como a Máfia da Loteria Esportiva, em 1982, pela revista Placar), com gravações de diretor de arbitragem chantageando presidentes de clubes para sua campanha política (caso Ives Mendes, em 1997, pela TV Globo), ou com a confissão do árbitro manipulador Edilson Pereira de Carvalho, em 2005, pela revista Veja.

Além, é claro, dos casos de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, laranjas etc., como já se viu em tantos clubes, no Corinthians agora, sempre comprovados, até redundando em quedas de presidentes, em regra sucedidos por outros iguais, como aconteceu em decorrência de escândalos como os do contrato entre a CBF e a Nike, denunciado por esta Folha, e do Fifagate, em escala mundial.

Denúncias vazias servem apenas para justificar derrotas injustificáveis ou circunstanciais, erros de treinadores, goleiros, zagueiros, atacantes e assopradores de apito amadores e profissionais.

Que a rara leitora e o raro leitor discordem da atuação da imprensa e a critiquem à vontade.

Só não imputem ao jornalismo sério a cumplicidade ou a complacência com manipulação de resultados e com a atuação predatória das casas de apostas, muitas vezes grandes lavanderias de dinheiro e interessadas na lisura das competições exclusivamente quando derrubam a banca.

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