Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa América

A seleção como quarta força da América

Pensar que o Brasil tem time inferior a outros três é triste, mas é realista

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O empate 1 a 1 com a Colômbia não surpreendeu.

Até pode ser considerado bom resultado, principalmente para quem, realisticamente, considerava a Colômbia favorita.

Se somado o pênalti cometido em Vinicius Junior, e surrupiado tanto pelo assoprador de apito venezuelano quanto pelo VAR argentino, que poderia estabelecer 2 a 0 no placar e no fim do primeiro tempo, poderíamos atribuir o empate ao erro da arbitragem.

Poderíamos, mas não deveríamos.

Porque a vantagem graças ao gol de falta cobrada por Raphinha estava longe de exprimir o jogo jogado nos 45 minutos iniciais.

O 1 a 0 logo de cara escondia a superioridade colombiana a partir do gol, principalmente graças à atuação soberba de James Rodríguez, o craque que se recusa a fazer pelo São Paulo o que faz pela seleção de seu país.

James fez o que se recusa a fazer pelo São Paulo - Patrick T. Fallon - 2.jul.24/AFP/AFP

Tivesse a seleção brasileira um meio-campista com seu talento e visão de jogo, provavelmente estaríamos em posição mais confortável na Copa América, limitada ao pavoroso 0 a 0 com a Costa Rica e à goleada no Paraguai, derrotado por 2 a 1 também pelos costa-riquenhos.

Há quanto tempo não olhamos para um próximo adversário no continente americano sem o temor despertado pelo Uruguai, o adversário nas quartas de final deste sábado (6), em Paradise, Nevada, nos Estados Unidos.

Com o perdão da piada pronta, e do José Simão, Paradise tem jeito de virar inferno para o burocrático time de Dorival Júnior, incapaz de ousar, por exemplo, ao deixar a esperança Endrick no banco.

O Uruguai sempre foi rival respeitado, é fato, mas fazia anos que deixara de ser favorito ao enfrentar o Brasil. Hoje, já é de novo.

Como foi a Colômbia na terça e igualmente como será a Argentina caso a tenhamos pela frente.

Ser a quarta força do continente é situação nunca antes experimentada pela seleção e é a dura realidade.

Passamos da dificuldade em vencer os europeus para encontrar em nossos hermanos a mesma situação.

Quarta força!

Em 2017 também o Corinthians era tratado como tal em São Paulo, inferior aos três grandes rivais, e deu no que deu: ganhou o campeonato estadual e, em seguida, o Brasileiro, nove pontos à frente do segundo e terceiros colocados Palmeiras e Santos, 22 a mais que o São Paulo, em 13º.

(Aqui o realismo cedeu ao desejo de que a seleção possa calar os críticos, eliminar o Uruguai, bater na Colômbia na semifinal e se vingar da Argentina na final.)

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O Corinthians, de Jô, era tido como a quarta força paulista - Adriano Vizoni - 15.nov.17/Folhapress

Voltemos à realidade.

Dorival Júnior está há apenas sete jogos no comando da seleção, continua invicto, nessa trajetória derrotou a Inglaterra, em Wembley, e empatou com a Espanha, no Santiago Bernabéu, ao nos encher de esperança e ilusão.

Depois disso, o desempenho é ruim, e os resultados, medíocres, com as vitórias sobre México e Paraguai e os empates com Costa Rica e Colômbia.

Espera-se mais da seleção pentacampeã mundial, e resta ao treinador apenas a ponderação de que ele não tem culpa nenhuma, nem responsabilidade nenhuma, bom frisar, por passado tão pesado a ser defendido.

Não tem mesmo.

Seu calvário é existir um bando de chatos que testemunharam e viveram as cinco epopeias e cobram, e cobrarão, os tempos provavelmente enterrados para sempre, pois nos faltam Didi, Garrincha, Pelé, Tostāo, Gerson, Rivellino, Romário, os Ronaldos, Rivaldo, para não falar de Nilton Santos, Djalma Santos, Carlos Alberto Torres.

Duros tempos modernos. É o que temos.

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