Juliano Spyer

Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros

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Juliano Spyer
Descrição de chapéu saúde mental

Dicas para sobreviver ao Natal da polarização

A vida ficou mais triste por causa da ruptura de relacionamentos desde a última eleição

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Ao longo de dez anos de pesquisa sobre cristianismo no Brasil, fiz amizade com alguns pastores que fogem do estereótipo dos pregadores preocupados apenas com dinheiro ou excessivamente moralistas. São pessoas sérias, que, por conta do trabalho, estão sempre em contato com quem precisa de ajuda. Perguntei a eles o que sugeririam para quem está se sentindo pra baixo durante o Natal, especialmente por causa da solidão relacionada à polarização política.

Operário trabalha em manutenção da árvore de Natal do parque Ibirapuera, em São Paulo - Danilo Verpa - 6.dez.23/Folhapress

Valdir Steuernagel destaca a importância de reconstruir vínculos. "⁠Não negue ou esconda as tensões e divisões familiares", aconselha Valdir, "mas busque espaços seguros para encontros verdadeiros e conversas difíceis." Ele também convida quem se sente solitário a tomar a iniciativa de praticar o acolhimento, identificando pessoas em seu círculo que estejam sozinhas ou presenteando aqueles que nunca recebem presentes.

Valdinei Ferreira fala sobre a tristeza ao ver pessoas que sempre conviveram se distanciando por causa de pessoas que elas nunca conheceram pessoalmente. "Para quem está se sentindo sozinho, lembro que a solidão não é sobre estar fisicamente longe de outras pessoas, mas sobre a falta de intimidade", destaca. "Uma pessoa pode estar sozinha fisicamente, mas conectada consigo e, por isso, se sente bem."

Para Cassiano Luz, este Natal, marcado pela polarização, pode ser uma chance para perdoar. "Considere a possibilidade do perdão como alternativa possível para uma vida mais plena de felicidade e significado", ele propõe. "O perdão é a única forma de manter e restaurar relacionamentos, já que não existe ‘preço’ tangível que possa restituir ou compensar uma ofensa moral, por exemplo".

A teóloga Regina Fernandes defende que o Natal seja celebrado, inclusive por quem não quer passar junto com seus familiares. "A minha dica é procurar igrejas ecumênicas, como a anglicana ou a luterana, que costumam ter celebrações bonitas e receptivas." Para quem se interessar, Regina sugere falar primeiro com o líder da igreja de forma franca, explicando a situação.

Para aqueles que estão enfrentando pensamentos difíceis, o pastor Alexandre Gonçalves conta como, por descuido, esteve a ponto de se matar durante esse período de festas. O título do texto é "Dezembro e depressão: Um exposed de mim mesmo". Há um episódio do DrauzioCast sobre depressão de fim de ano. Há ainda serviços como o Centro de Valorização da Vida (CVV), acessível em todo o país pelo número 188, e o aplicativo TouchPeace, que conecta pessoas a atendentes treinados para oferecer ajuda.

A vida ficou mais triste por causa de parentes e amigos que morreram durante a pandemia e por causa dos silêncios que ocuparam o espaço dos afetos desde a última eleição. Se você conhece alguém nessas situações, por favor, compartilhe este texto com ela ou ele.

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