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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Demanda por gás pode desacelerar extração de óleo do pré-sal no futuro

A devolução de gás às reservas têm aumentado nos últimos meses, diz especialista

Maria Cristina Frias

A extração de óleo das reservas do pré-sal poderá ser mais lenta que a possível por causa da falta de um mercado pujante do gás que sai dos campos, segundo associações e técnicos do segmento.

Os campos de pré-sal têm os dois tipos de matéria-prima e devem ser extraídos de forma conjugada —ou seja, se não houver vazão para o gás, atrapalha a saída do óleo.

Plataforma de petróleo - Flávio Neves - 4.dez.13/Folhapress

“As reinjeções (espécie de devolução de gás às reservas) já têm aumentado nos últimos meses”, afirma Lívia Amorim, advogada do Souto Correa.

Projeções da indústria petroleira apontam que o problema pode se agravar a partir de 2023.

O consumo só será suficiente se o preço for baixo —e isso dependerá do custo da infraestrutura de transporte, processamento e distribuição, diz Edmar Almeida, da UFRJ.

“Vai haver demanda, mas não no preço praticado hoje. Gás pode substituir quase todas as outras fontes de energia, mas aqui só existe competição com óleo combustível e GLP (gás de cozinha).”

Os agentes precisam “encarar a realidade” e formular um plano para dar vazão ao gás do pré-sal, afirma.

“O gás é caro porque existe um único supridor, a Petrobras, e não há infraestrutura para os outros agentes”, afirma Marcelo Mendonça, gerente da Abegás (associação das distribuidoras).

Levar o gás até o litoral por meio das rotas de escoamento é um gargalo, diz Juliana Rodrigues, da Abrace (associação dos consumidores).

“Talvez elas possam ser cedidas a petroleiras que não têm participação na infraestrutura com pagamento para usar.”

A Petrobras é dona, sozinha ou em joint-ventures, de todos os canais que existem hoje. Procurada, a estatal preferiu não se pronunciar.

 

Remédios na praça

O laboratório farmacêutico Libbs deverá investir cerca de R$ 56 milhões neste ano no licenciamento e no lançamento de produtos no mercado.

A área voltada ao consumidor, que representa hoje 90% da receita da companhia, é a que concentra a maior parte dos aportes. Serão R$ 35 milhões até o fim de 2018.

“Teremos 13 novos produtos nessa divisão. O número leva em conta testes para garantir que os biossimilares tenham a mesma eficácia que os produtos de referência”, diz o CEO, Alcebíades Athayde Júnior.

A empresa deverá lançar ainda uma vitamina para gestantes, desenvolvida por uma empresa estrangeira.

“Intensificamos as parcerias. Colocamos no mercado um anticoncepcional de uso estendido e desenvolvemos outro à base do hormônio estetrol com uma empresa belga”, diz o diretor Wilson Júnior.

A marca terá R$ 21 milhões para lançar remédios usados por clínicas contra câncer e doenças como o lúpus.

R$ 1,3 bilhão
foi o faturamento em 2017

2.600
são os funcionários

 

Concessionária de SP investe R$ 300 mi em caminhões elétricos

A Corpus, empresa concessionária responsável pela coleta de lixo em Indaiatuba (SP), vai aportar R$ 300 milhões, nos próximos cinco anos, para renovar sua frota de caminhões e usar só veículos elétricos.

Foi feito um investimento inicial de R$ 30 milhões na segunda-feira (21) para os primeiros 21 carros contratados. Serão 200 unidades ao todo.

A diretoria da empresa assinou o entendimento na cidade de Shenzhen, na China, com a fornecedora BYD, companhia com quem a Corpus fechou o contrato. A previsão é que os veículos cheguem ao Brasil em setembro deste ano.

Cada caminhão sai por cerca de R$ 1,5 milhão, mas o custo para mantê-los é mais baixo que os de diesel, afirma Adalberto Maluf, diretor da BYD.

A chinesa tem planos para abrir mais uma fábrica no Brasil, o que pode fazer o custo da montagem dos veículos cair, diz o executivo. 

A empresa aguarda, no entanto, o anúncio do Rota 2030, programa de incentivos fiscais ao setor automotivo. Há a expectativa de que fabricantes de veículos elétricos recebam benefícios ou reduções tributárias, segundo Maluf.

“Boa parte dos 200 caminhões que vendemos já é para [serem feitos] fábricas no Brasil. Nacionalizar a produção pode ter um efeito de redução do preço de até 20%.”

 

Índios dispensados

O Ibama dispensou atividades econômicas de povos indígenas da necessidade de licença ambiental, desde que desenvolvidas em suas próprias reservas e terras.

A norma foi publicada na segunda (21). Entre os itens estão implantação de instalações para produção de farinha e abertura de roça.

Não existia regramento expresso sobre o assunto e isso gerava incertezas quanto ao tema, segundo técnicos do órgão.

Atividades que não estiverem na lista do órgão precisam, a princípio, de licenciamento ambiental. A liberação de algumas, como criação de gado, está atualmente sob estudo do Ibama.

 

Tijolo por tijolo

O nível de emprego na construção civil subiu 0,4% em março na comparação com fevereiro, segundo o Sinduscon-SP (sindicato patronal) e a Fundação Getulio Vargas.

Foram quase 9.000 novas vagas, o que, para um setor que emprega 2,3 milhões de pessoas, é praticamente estagnação, afirma José Romeu Ferraz Neto, presidente da entidade.

A tendência é que o estoque de trabalhadores termine este ano no nível de 2017, próximo a 2,37 milhões, diz ele. Até fevereiro, a perspectiva era de déficit de 100 mil postos de trabalho em 2018.

“Pode ser que, a partir de agora, tenhamos queda em algum mês, mas projetamos estabilidade. Não teremos mais cortes mensais de 120 mil vagas como antes.”

Os principais motivos para a melhora são a retomada de projetos de incorporadoras e de infraestrutura que estavam engavetados, afirma Ferraz.

 

Com poucas alternativas

O número de empresas no regime de MEI (microempreendedor individual) criadas no primeiro trimestre deste ano foi 12,2% maior que o do mesmo período do ano passado, segundo o Serasa Experian.

Foram 516 mil negócios criados entre janeiro e março deste ano, contra 460 mil na mesma época de 2017.

O fraco desempenho da economia no início deste ano e a permanência dos níveis de desemprego em patamares elevados influenciaram a alta do indicador, segundo Luiz Rabi, economista da entidade.

 

Rumo às farmácias As distribuidoras de medicamentos tiveram alta de 5,1% nas vendas em valor no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2017. Em volume, houve estabilidade, com variação positiva de 0,2%.

Tecnologia A Sankhya, de software e gestão empresarial, vai investir R$ 15 milhões na inauguração de unidades. Já abriu quatro neste ano e terá outras quatro até dezembro. Ao todo, são 24 operações no país.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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