Mercado Aberto

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mercado Aberto

Em crise fiscal, estados buscam CGU para aprender a fazer acordo de leniência

O grupo Odebrecht pactuou um pagamento de R$ 2,7 bilhões até 2040

Maria Cristina Frias

Órgãos públicos estaduais têm procurado a CGU (Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União) para implementar, em seus governos, mecanismos semelhantes aos acordos de leniência firmados com a União.

“Muitos estados ainda não regulamentaram a lei anticorrupção, um passo necessário para definir quais entidades governamentais deverão atuar nos acordos”, afirma  o ministro Wagner Rosário.

No âmbito federal, é a CGU que tem essa atribuição, diz. 

Fachada da sede da Odebrecht na zona oeste de São Paulo. - Joel Silva - 3.fev.17/Folhapress

Há, no entanto, questões jurídicas envolvidas, como a possível dissolução de empresas e sanções específicas. Por isso, a AGU (Advocacia Geral da União) fecha os acordos em conjunto, segundo ele. 

Nos estados, isso será feito pelos órgãos análogos à AGU, as procuradorias-gerais, e, caso existam, pelas controladorias estaduais.

O Rio é o que está mais avançado, segundo Rosário. Uma equipe da procuradoria-geral foi a Brasília para estudar os acordos de leniência.

As resoluções são uma forma de obter informações que as empresas podem passar a respeito de corrupção, inclusive sobre a participação de funcionários públicos, e também ajudam a arrecadação.

O grupo Odebrecht, por exemplo, pactuou um pagamento de R$ 2,7 bilhões.

“Existem perspectivas financeiras, mas não é só esse o objetivo. A ideia é recuperar ativos e também mudar a cultura das empresas”, diz. Além do ressarcimento, o governo pode aplicar multas de até 20% do faturamento bruto.

 

Indústria vai registrar queda de 1,7% em julho, segundo Ipea

A produção industrial caiu 1,7% em julho, na comparação com o mês anterior, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que prevê mensalmente o resultado da pesquisa do IBGE sobre a atividade.

Por outro lado, o indicador subiu 1,1% em relação ao mesmo período de 2017.

“O setor industrial teve um recuo forte [de 11%] em maio, quando houve a greve dos caminhoneiros, e uma recuperação muito rápida [de 13,1%] no mês seguinte”, diz Ernesto Lozardo, presidente do instituto.

Além da paralisação, a oscilação está ligada à incerteza devido às eleições e à falta de planos concretos para trazer estabilidade econômica no próximo governo, diz ele.

“Temos um quadro político complicado. Parece que os candidatos ainda estão muito focados em discurso político, sem um embasamento teórico básico e realista da economia”, afirma.

A projeção atual do Ipea é de um crescimento de 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018 —a previsão era de 3% ao final do ano passado.

3%
foi o crescimento da produção industrial no acumulado de 12 meses até julho, segundo o Ipea

2,1%
foi o aumento nos sete primeiros meses de 2018

 

Caminhões esperam 3h20 para descarregar na Grande SP

Um veículo de carga espera em média 3h22 para conseguir fazer sua entrega em estabelecimentos da Grande São Paulo, segundo o Setcesp (sindicato das transportadoras). O tempo aumentou meia hora desde o último estudo, em 2017.

A situação ideal seria de 30 minutos para entregas agendadas e de até uma hora para as demais, segundo a entidade.

O custo da demora é de R$ 312 por operação de uma carreta de 27 toneladas. Um centro de distribuição na região metropolitana de São Paulo recebe até 300 veículos por dia.

“Essa despesa entra na precificação do frete e é repassada ao consumidor. Uma maior eficiência na logística beneficiaria todos”, diz o presidente do Setcesp, Tayguara Helou.

“Isso também afeta a mobilidade. Todo estabelecimento deve, por lei, dimensionar um espaço interno para receber carga, mas isso muitas vezes não é cumprido. Tem caminhão que fica em fila na rua.”

Metade dos 416 locais pesquisados exigem que entregas sejam agendadas, mas 45% deles não cumprem os horários.

 

Crescimento pouco eletrizante

O nível de emprego na indústrias elétrica e eletrônica parou de cair em julho após três meses de retração, segundo a Abinee, associação que representa esses setores.

Na prática, houve estabilidade. Foram criadas 172 vagas, uma oscilação de 0,07% em relação a junho deste ano e de 0,6% na comparação com o mesmo mês de 2017.

“É um número pequeno, mas acreditamos em uma retomada gradual”, afirma Humberto Barbato, à frente da entidade.

Setembro e outubro deverão ser meses de pico nas contratações, devido à necessidade de atender a demanda de fábricas para as vendas de Black Friday e Natal.

“É normal, até pela sazonalidade no fim do ano, que haja uma melhora. Não possuimos uma projeção, mas é possível que terminemos 2018 com cerca de 240 mil empregos [uma alta de 2,5% em relação a 2017]”, diz ele.

 

Buscar... Aproximadamente 10% dos consumidores brasileiros que compram produtos pela internet optam por retirá-los em pontos de venda físicos, segundo a consultoria Ebit Nielsen.

...na loja A medida tem sido adotada para reduzir custos logísticos e os prazos de entrega. Em mercados considerados maduros, como o Reino Unido, esse percentual é pelo menos o dobro, diz a consultoria.

Xô peste O mercado de controle de pragas urbanas deverá crescer 4% neste ano no Brasil, segundo a Aprag (associação do setor). A estimativa é que as 10,5 mil empresas tenham faturado R$ 2,3 bilhões em 2017.

A hora A Movicarga, empresa de logística que completa 45 anos, vai investir R$ 17 milhões para trocar as suas empilhadeiras e plataformas elevatórias, segundo a sócia Maria Regina Yazbeck.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.