O conservador Wall Street Journal fez editorial saudando o “Drenador do pântano brasileiro”.
Abre ironizando que os “progressistas globais estão tendo ataque de ansiedade com a quase vitória do conservador Jair Bolsonaro no Brasil”. Afirma que, “após anos de corrupção e recessão, milhões de brasileiros parecem acreditar que um ‘outsider’ é exatamente do que o país precisa”. E “talvez eles saibam mais do que os rabugentos globais”.
Sobre democracia, diz que Bolsonaro não propõe mudar as regras constitucionais que “constrangem os militares a ficar em casa”.
Também o Financial Times publicou seu editorial, intitulado “Bolsonaro cavalga onda de raiva popular no Brasil”.
É bem menos assertivo. Diz que “os brasileiros estão compreensivelmente fartos”, mas questiona paralelos com Trump, pois no Brasil “as instituições são mais jovens e mais fracas do que nos EUA, o que torna os riscos muito maiores”. Acrescenta que, embora seja “quase certa” a vitória de Bolsonaro, “muita coisa pode acontecer nas próximas três semanas”.
O mesmo FT trouxe coluna de Gideon Rachman dando a ascensão de Bolsonaro como “acontecimento de importância global”. Encerra citando o medo de que está começando “uma nova e mais sombria fase da história mundial, e que mais uma vez o Brasil sintetiza essa tendência”.
No Washington Post, Ishaan Tharoor, também colunista de política externa, reproduz uma imagem da bandeira brasileira com suástica e vê “um novo golpe na democracia liberal” no mundo.
O tom foi o mesmo por artigos no Guardian, com professor da Universidade de Boston alertando que a “democracia está numa encruzilhada” no Brasil e EUA; na New Republic, com professor da Universidade Brown dizendo que o “Brasil está à beira do autoritarismo”; e na Foreign Policy, com professor da Universidade de Chicago destacando que “o futuro parece sombrio para a democracia em Brasília”.
A CARTA DE MANUEL CASTELLS
O sociólogo espanhol Manuel Castells, da Universidade de Berkeley, divulgou carta aberta a “amigos intelectuais comprometidos com a democracia”, reproduzida em veículos de EUA e Europa. Do texto:
“O Brasil está em perigo. E com o Brasil o mundo, porque após a eleição de Trump, a tomada do poder por um governo neofascista na Itália e a ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo. Pouco importa quem é seu oponente... Numa situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata pode se manter indiferente.”
MEIO AMBIENTE SOB FOGO
No rastro de editorial na Science e artigo na Nature, agora a New Scientist questiona o líder na eleição brasileira, que “quer abandonar o tratado sobre o clima”. Vai além, escreve Fabiano Maisonnave no Guardian:
“Fim do acordo de Paris. Fim do Ministério do Meio Ambiente. Uma estrada pavimentada cortando a Amazônia. Não só isso. Territórios indígenas abertos à mineração. Relaxamento do licenciamento e da aplicação da legislação ambiental. ONGs internacionais como Greenpeace e WWF banidas do país. Uma forte aliança com o lobby da carne”...
QUASE
Ao longo do dia no agregador Drudge Report (acima), referência da direita americana, "Brasil a um passo de mudança aguda à direita com Bolsonaro", linkando o Miami Herald.
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