No rastro de Elon Musk, da Tesla e do Twitter, Tim Cook, da Apple, e Jack Ma, do Alibaba, também "Jensen Huang está a caminho da China", noticia a Bloomberg.
O CEO da Nvidia passou a semana como "rock star", na descrição do Financial Times, com a disparada na valorização da empresa, grande beneficiária da febre de inteligência artificial.
"No maior mercado de chips do mundo, apesar das tensões crescentes entre Washington e Pequim", ele deverá encontrar executivos de, entre outras empresas, Tencent, Xiaomi, ByteDance e a montadora BYD. A China responde por um quinto da receita da californiana Nvidia.
Huang, americano nascido em Taiwan, falou ao FT dias atrás que as restrições de Washington às vendas de chips para a China ameaçam "dano enorme" aos próprios EUA. "Se [a China] não puder comprar, eles mesmos vão fazer. Se nós formos privados do mercado chinês, não temos contingência para isso."
Na declaração que mais ecoou, pela leitura geopolítica: "Não existe outra China, existe só uma China".
Já Musk acaba de deixar a China, após se reunir com os ministros do exterior, comércio, indústria e com o vice-premiê, mas não o premiê Li Qiang, como queria. Também foi apresentado na gigafábrica em Xangai ao novo modelo 3, "o primeiro sedã de massa" da Tesla.
Era meia-noite e ele agradeceu aos metalúrgicos por estarem tão tarde no trabalho. "Isso aquece o meu coração", falou, fazendo um gesto de coração com as mãos. "Os carros produzidos aqui não são apenas a produção mais eficiente, mas também da mais alta qualidade."
Em Pequim, ele se disse contra "dissociar e romper a cadeia" de suprimentos com a China, política que vem sendo adotada pelo governo americano no setor de tecnologia. Também teria dito, segundo o canal chinês CGTN, que continuará a expandir os negócios e a aproveitar as oportunidades no país.
A peregrinação à China não mobiliza só executivos de tecnologia. De Starbucks a JP Morgan, o maior banco americano, a lista de encontros com líderes do PC é longa, com cobertura intermitente também da agência anglo-canadense-americana Reuters.
Jamie Dimon, CEO do banco, deu entrevista e fez pronunciamento dizendo estar na China "para os bons tempos e para os ruins". Avisa porém que a situação geopolítica agora é "muito mais complexa": "Nós realmente não tínhamos essa [complexidade] desde a Segunda Guerra. Eu nem colocaria a Guerra Fria nessa categoria".
Fim do dia e a Bloomberg acrescentou o CEO da LVMH, o francês Bernard Arnault, à lista dos empresários ocidentais a caminho de Pequim. Ele era o homem mais rico do mundo até dias antes, mas foi ultrapassado novamente por Musk. E "os compradores de luxo da China são cruciais para o dono da Dior".
NIKKEI & FT
O japonês Nikkei (imagem acima) e o Financial Times, comprado pelo próprio Nikkei em 2015, uniram-se para o longo texto "Laços inseparáveis entre EUA, Europa e Taiwan", no título do primeiro. O Japão ocupou a ilha por 50 anos, até 1945.
A declaração de maior impacto é de um executivo de tecnologia mantido anônimo: "Se houver atrito militar em Taiwan, toda a cadeia de suprimentos global entrará em colapso".
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