A ameaça feita pelo general Augusto Heleno (GSI) às instituições na última sexta (22) gerou atrito entre políticos de centro e do centrão.
Os líderes das legendas não conseguiram chegar a um acordo sobre o formato de resposta ao ministro, apesar de concordarem que havia necessidade de uma ação por parte do Congresso.
Os deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) prepararam uma nota em apoio ao discurso de Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ser assinada por todos os partidos. Mas o conteúdo desagradou parte do grupo, e a empreitada foi cancelada.
A ênfase da nota estava na necessidade de garantir a "harmonia entre poderes", o que foi interpretado por alguns como uma defesa da governabilidade. Já MDB, PSDB e DEM queriam uma defesa da democracia. O PL ficou contra qualquer tipo de nota em apoio ao discurso do presidente da Câmara e foi seguido pelo PP.
Na avaliação da oposição, o discurso de Rodrigo Maia saiu tímido diante dos ataques do governo de Jair Bolsonaro.
Em uma referência direta a Heleno, Maia afirmou que o Legislativo "respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda".
Mas outro trecho, em que disse ver como natural o esforço do governo em formar uma base, foi criticado na esquerda por parecer um sinal de concessão ao centrão, que negocia cargos e emendas em troca de apoio a Bolsonaro.
"Ao invés de ser criticado, esse esforço deve ser respeitado. O sistema democrático exige a convivência republicana entre Executivo e Legislativo", disse Maia.
Foi a primeira manifestação do presidente da Câmara após a nota de Heleno e a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril.
Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto
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